André Mesquita: uma carreira em pausa com recomeço em 2021

O bailarino e coreógrafo português esteve afastado do circuito profissional artístico durante três anos. Os próximos dois anos deixam antever um retomar da carreira e dos projectos que ficaram no ar neste “ano perdido”.

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Rui Gaudencio

André Mesquita começou a dançar aos 13 anos. Quando se deparou com a dança pensou ser coreógrafo, mas o bailado falou mais alto. Com mais de 20 anos de carreira, já passou por diversas companhias de bailado tanto nacionais como internacionais. Agora, a pandemia ditou uma pausa na sua actividade profissional, mas o dançarino português encontrou uma forma alternativa de subsistir.

Durante quase três anos, André Mesquita esteve fora do circuito artístico por motivos de saúde. Precisou de se afastar para se focar em si, mas trabalhou como professor nos Estúdios Victor Córdon, algo que “adora” fazer. “É troca de amor com técnica, transpiração com inspiração”, afirma. Quando iria finalmente regressar àquilo que o faz feliz a pandemia chegou e as salas de espectáculo encerraram portas.

Para Junho estava planeada a estreia de um espectáculo no Brasil, uma revisitação de Petrushka com o Balé Teatro de Guaíra, que acabou por ser adiado para 2021. Existiam também negociações com a Companhia Nacional de Bailado e com a Culturgest, em Lisboa. Ainda assim, os dois anos que se seguem prometem ser bons para o coreógrafo português, já premiado várias vezes pelas suas prestações como bailarino e coreógrafo.

Através de uma parceria com a autarquia de Setúbal, a sua cidade, vai trabalhar com a comunidade, com pessoas que não têm formação em dança, de forma a “criar público e uma identidade cultural”. Será ainda o autor de um solo, um formato de dança que permite o cumprimento das normas de segurança em palco — a estreia está prevista para o início de 2021. Em 2022 chega uma oportunidade única: André Mesquita vai ocupar o lugar de professor convidado na Ópera de Gotemburgo, “uma companhia de vanguarda, de grande referência na Europa”.

Os últimos meses não foram fáceis para o bailarino e coreógrafo de 41 anos, uma vez que o sector cultural em Portugal parou quase por completo. André Mesquita teve de encontrar uma alternativa para poder subsistir, que chegou com uma parceria com uma empresa de venda de produtos de higienização. Gosta imenso — é uma forma de estar entretido e de ter alguma estabilidade financeira, “difícil de encontrar” nestes tempos.

André Mesquita diz estar à espera do final do ano para perceber se a ministra da Cultura, Graça Fonseca, “realmente consegue fazer aquilo a que se comprometeu”. Contudo, venha o que vier, continuará ligado ao que o move. “Quando se é bailarino, é-se sempre bailarino.”

Texto editado por Bárbara Wong

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