Reviver o passado no Stade de France

As memórias da final do Euro 2016 vão estar presentes, mas não vão entrar em campo no França-Portugal deste domingo, a contar para a Liga das Nações.

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Reuters/BENOIT TESSIER

A história já foi contada e recontada, as imagens já foram vistas e revistas, já tudo foi escrito sobre o que se passou a 10 de Julho de 2016 no parisiense Stade de France, um dos momentos mais brilhantes e justamente celebrados da história do futebol português. Quatro anos depois, uma selecção portuguesa ainda campeão europeia (a pandemia adiou o Europeu 2020 para 2021) regressa ao Stade de France para um reencontro com uma França (19h45, RTP1) que, entretanto, se sagrou campeã do mundo em 2018. Não estará em causa uma final, mas três pontos que poderão fazer a diferença nas contas finais no Grupo 3 da Liga das Nações A.

Sendo essa final de 2016 uma referência inescapável para as duas selecções (sobretudo para a portuguesa), é passado. E o presente é a Liga das Nações, uma competição que Portugal conquistou na sua primeira edição e que quer voltar a conquistar. Até agora, tudo tem corrido bem, com duas vitórias nos dois primeiros jogos com Croácia e Suécia, mas a França também fez o mesmo, e é provável que o primeiro lugar do agrupamento (que dá acesso à final a 4, em Outubro do próximo ano) se decida nos confrontos directos entre portugueses e franceses.

Para além da final de 2016, este será um jogo especial para Fernando Santos. Acontecerá um dia depois de ter cumprido 66 anos de idade e exactamente seis anos depois de se ter estreado no banco da selecção portuguesa, também no Stade de France, e também contra a França, mas com uma derrota (2-1). Nada disso, diz o seleccionador português, entrará hoje em campo.

“Foi o primeiro jogo em que me sentei no banco da selecção e a final é algo que está sempre presente, mas não tem nada a ver com o que vai acontecer neste domingo, é um jogo diferente, queremos fazer um bom jogo e vencer”, declarou o técnico português na véspera de cumprir o 75.º jogo no comando da selecção – irá ultrapassar Luiz Felipe Scolari, mas o próprio Fernando Santos assegura que não liga a estatísticas.

Irá Portugal enfrentar algum desejo francês de vingança? Nem por isso, adianta Fernando Santos, alinhado com o que já tinha dito sobre a influência de jogos passados no confronto deste domingo. “Não acredito. Jogadores deste nível que disputam grandes competições, se fossem viver de vingança... Se vão entrar em campo ansiosos? Não é por aí”, reforçou.

E do lado francês, como estará a ser encarado este reencontro? Palavra a Didier Deschamps, o seleccionador que esteve na derrota de 2016 e na conquista do Mundial em 2018. “Aconteceu há quatro anos, parabéns a eles, mas sabemos o que aconteceu a seguir. Será um belo confronto entre duas das melhores equipas da Europa”, disse Deschamps. Hugo Lloris, que estava na baliza francesa em 2016 e que mantém o posto em 2020, admite que essa final é “uma recordação dolorosa”, mas que “já passou”. “É outro jogo, noutro contexto. É verdade que Portugal é o campeão da Europa e o vencedor da Liga das Nações, mas nos ganhámos o Mundial. Será um grande, grande jogo. Temos de estar à altura”, referiu o guarda-redes do Tottenham.

O que mudou nas duas selecções quatro anos depois dessa final? No banco, nada. Fernando Santos e Didier Deschamps, ambos conquistadores de títulos, continuam ao leme. Olhando para os jogadores que Santos e Deschamps têm à disposição agora e os que tinham no Euro 2016, há nove jogadores de cada lado que se mantiveram na equipa. Portugal já não tem Éder – o autor do golo do título europeu não joga na selecção desde Novembro de 2018 – e a França continua a não ter Benzema, que quase de certeza não voltará aos “bleus” enquanto Deschamps for o seleccionador.

E ambas as equipas são semelhantes na forma como temperam o talento jovem com a experiência. Portugal continua a ter Cristiano Ronaldo como a sua maior figura, acompanhado por jogadores que estão a ganhar o seu espaço, como Bruno Fernandes, Rúben Dias, Bernardo Silva ou Francisco Trincão. Deschamps, por seu lado, continua a confiar em Lloris, Pogba, Griezmann ou Giroud, mas tem também a sorte de poder contar com a próxima grande superestrela do futebol mundial, Kylian Mbappé, que há não muito tempo tinha posters de Cristiano Ronaldo no quarto e que, aos 22 anos, é tido como o mais forte candidato a suceder-lhe.

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