Trump regressa e promete proteger negros e latinos dos “fanáticos de esquerda”

Presidente dos EUA voltou aos eventos públicos depois de ter sido infectado com covid-19. Discurso para duas mil pessoas, na Casa Branca, foi um ensaio para o importante comício de segunda-feira, na Florida.

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Trump apareceu de máscara protectora e tirou-a para discursar EPA/Erin Scott / POOL
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Apoiantes foram mobilizados para o evento por uma fundação conservadora afro-americana Reuters/TOM BRENNER

Dez dias depois de ter sido infectado com o vírus SARS-CoV-2, o Presidente dos Estados Unidos regressou este sábado à actividade pública, como cabeça-de-cartaz de um evento de campanha com mais de duas mil pessoas, nos jardins da Casa Branca, que foi dedicado, em grande parte, às comunidades negras e latinas do país.

Perante um grupo de apoiantes empolgados, de forma audível, com cada frase proferida, Donald Trump pareceu ensaiar um discurso para o comício de segunda-feira, na Florida, que é um dos estados com maior representação da comunidade hispânica e latina do país e cujos votos podem ser decisivos para o desfecho da eleição presidencial do dia 3 de Novembro.

O chefe de Estado prometeu defender os afro-americanos e os latinos dos “fanáticos de esquerda” e acusou o Partido Democrata, de Joe Biden, de ser o principal responsável por estarem a ser “deixados para trás”.

“Nenhum Presidente fez mais do que eu pelas comunidades negras e latinas desde Abraham Lincoln. Ninguém pode refutar, ninguém pode refutar”, afiançou o Presidente, que discursou a partir de uma varanda da residência presidencial.

Semanas antes, no debate televisivo com Biden, o mesmo Donald Trump tinha pedido ao grupo supremacista branco Proud Boys para se manter “a postos” para o dia da eleição.

O evento foi intitulado pela Casa Branca como “Protesto Pacífico para a Lei e a Ordem”, uma temática recorrente no discurso político de Trump e que voltou a merecer destaque no âmbito dos protestos massivos dos últimos meses, em todo o país, contra o racismo e a violência policial nos EUA.

“Ninguém vai sofrer mais do que os afro-americanos com a guerra da esquerda aos polícias. Os motins, as pilhagens e o fogo posto atingiram desproporcionadamente as comunidades negras e latinas”, insistiu o chefe de Estado.

Pelo meio, Trump revisitou todos os temas fortes da sua campanha. Disse que os eleitores “não podem permitir que os EUA se transformem num país socialista”, garantiu que a vacina contra o “vírus da China” vai chegar “muito rapidamente”, acusou os democratas de promoverem “pobreza”, “calamidade” e “insegurança”, assegurou que o muro ao longo da fronteira com o México “está quase pronto” e lembrou a sua acção decisiva no regresso das tropas norte-americanas das guerras no exterior.

O evento foi organizado pela fundação Blexit – um grupo conservador que defende que os afro-americanos abandonem o Partido Democrata e se juntem ao Partido Republicano – e contou com uma assistência de cerca de duas mil pessoas, que foram aconselhadas a usar máscara protectora e tiveram de medir a temperatura e preencher um questionário para entrar no recinto.

Trump apareceu de máscara e, depois de a tirar, perguntou aos apoiantes reunidos no relvado: “Sinto-me óptimo e vocês?”. Depois, disse que a pandemia “já está a desaparecer”.

Regresso em dez dias

O regresso do Presidente à actividade pública acontece dez dias depois de ter testado positivo para a covid-19. Donald Trump foi obrigado a passar três dias no Hospital Militar Walter Reed, para regular os níveis de oxigénio, tendo voltado à residência presidencial na segunda-feira.

Pouco se sabe sobre o verdadeiro estado de saúde de Trump – que tem insistido na narrativa de que derrotou facilmente o vírus que tanto desvalorizou e que matou mais de 218 mil norte-americanos e infectou quase oito milhões – e mesmo as comunicações da sua equipa sobre os exames que fez ou os tratamentos que recebeu têm sido parcas em pormenores.

Em declarações à Fox News, na sexta-feira à noite, o Presidente dos EUA revelou que já não estava a tomar qualquer medicação e disse estar sentir-se “bastante forte”. No dia em que voltou à Casa Branca, vindo do hospital, garantiu que estava “melhor do que há 20 anos”.

O chefe de Estado norte-americano vai voltar aos comícios de campanha já na segunda-feira, em Sanford, na Florida, que é um dos estados mais importantes na luta com Biden pelos votos do Colégio Eleitoral, e que também receberá a visita do vice-presidente, Mike Pence, nos próximos dias.

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