Lakers perdem a primeira chance de fechar o assunto. Podem os Heat fazer história nas finais?

Vitória dos Miami Heat por 111-108 no Jogo 5 mantém viva a época desportiva. Equipa de Erik Spoelstra quer ser a segunda na história da NBA a recuperar de uma desvantagem de 3-1 nas finais. A única que o conseguiu tinha LeBron James no plantel.

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Jimmy Butler e LeBron James têm sido decisivos para as suas equipas Kevin C. Cox / Getty Images

Faltam nove segundos para acabar o Jogo 5 das finais da Liga Norte-americana de Basquetebol profissional (NBA) quando LeBron James, já com 40 pontos na folha das estatísticas e completamente cercado pelos defensores Jimmy Butler, Duncan Robinson e Bam Adebayo, dispara um passe certeiro para um isoladíssimo Danny Green. O “King” sabe que versão do “camisola 14” pode encontrar, até porque não gostou nada de medir forças contra o “atirador” em 2013, ano em que os San Antonio Spurs só não negaram um segundo troféu consecutivo aos Miami Heat por causa de um cesto milagroso de Ray Allen. Se o “triplo” entra, os Los Angeles Lakers ganham a partida e saem da “bolha” de Orlando com o seu 17.º troféu Larry O’Brien.

O lançamento fica muito curto. Markieff Morris ainda agarra o ressalto ofensivo, mas, depois de alguma hesitação, atira com alguma negligência a bola para a “terra de ninguém”. Os Heat aguentam o drama dos últimos segundos e asseguram uma suada vitória por 111-108, reduzindo a desvantagem na série para 3-2 e prolongando esta que já é a mais longa época desportiva de que há memória.

Os Lakers não se mostraram sempre inspirados num Jogo 5 que esteve a um par de tiros certeiros de cair para o seu lado. A equipa do técnico Frank Vogel – que, em conferência de imprensa, admitiu não ter gostado de duas importantes decisões de arbitragem no derradeiro minuto do confronto, reclamando das faltas assinaladas a Markieff Morris (com 47 segundos no relógio) e a Anthony Davis (a 17 segundos do fim) que deram quatro lances livres a Jimmy Butler – teve de eliminar duas desvantagens de 11 pontos, uma delas ainda na primeira parte e a outra já no arranque do quarto período.

Davis (28 pontos, 12 ressaltos, três assistências, três roubos de bola e três blocos em 42 minutos), que estava no banco quando os Heat fugiram no marcador pela primeira vez, teve de gerir a dor provocada por uma contusão no calcanhar direito, lesão que sofreu contra os Denver Nuggets nas finais da Conferência Oeste e que agravou ligeiramente neste Jogo 5, depois de colidir com Andre Iguodala no último minuto do primeiro período.

Faltaram as contribuições dos chamados “role players”, que tão importantes têm sido para o emblema dourado e púrpura nestes play-off. Danny Green (oito pontos e apenas três lançamentos de campo convertidos em oito tentativas), Rajon Rondo (quatro pontos, cinco ressaltos e cinco assistências) e Alex Caruso (três pontos, três ressaltos e três assistências) estiveram abaixo do rendimento exigido. Morris amealhou mais perdas de bola (três) e faltas (quatro) que pontos (zero) em 22 minutos de utilização. Os Lakers sofreram um parcial de “-17” durante o tempo em que Kyle Kuzma (sete pontos) esteve em jogo. Os 16 pontos de Kentavious Caldwell-Pope vieram com indisfarçável falta de eficácia (6-15 de lançamentos).

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Jimmy Butler jogou 47 minutos e acabou a partida exausto DR

Estas debilidades foram aproveitadas por um Jimmy Butler em “modo herói”, que repetiu a façanha do Jogo 3 e registou um novo “triplo-duplo” (35 pontos, 12 ressaltos e 11 assistências). Ainda sem o base esloveno Goran Dragić, que se lesionou no primeiro embate das finais, a jovem armada do treinador Erik Spoelstra voltou a mostrar serviço: o “atirador” Duncan Robinson (26 pontos e sete “triplos”), Tyler Herro (12 pontos, incluindo os dois lances livres que “fecharam” em definitivo a partida no último segundo) e Kendrick Nunn (14 pontos saídos do banco) foram preponderantes para o sucesso de um emblema cujos problemas físicos não têm mexido com as suas ambições.

O “King” sabe o que Miami quer

Os Heat estão a jogar contra os livros de recordes da NBA: nas finais, só uma equipa conseguiu recuperar de uma desvantagem por 3-1 e levar para casa o troféu Larry O’Brien. Foram, ironicamente, os Cleveland Cavaliers de 2016, que derrotaram o clube com o melhor registo alguma vez alcançado na época regular (os Golden State Warriors de 73 vitórias e nove derrotas, que bateram a marca dos Chicago Bulls de Michael Jordan) com exibições históricas de Kyrie Irving e… LeBron James.

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LeBron com a "camisola Mamba" dos Lakers (em homenagem a Kobe Bryant) Mark J. Terrill / Associated Press

O “camisola 23”, que foi irrepreensível nesta última madrugada (40 pontos, 13 ressaltos, sete assistências, três roubos de bola e uns estonteantes 15 cestos de campo convertidos em 21 lançamentos), terá de ser virtualmente perfeito daqui para a frente se não quer agora acabar no outro lado do pódio e ficar com uma marca de 3-7 nas finais que nada fará pelo seu argumento de melhor atleta na história da modalidade.

Nestes últimos dias, LeBron também já terá pensado na época de 2015, na qual os “Cavs” tiveram de disputar a final contra os Warriors sem Kyrie Irving e Kevin Love, ambos indisponíveis por lesão. Davis está a tentar não permitir que a dor no calcanhar limite as suas contribuições, sim, mas isso não é nada que se compare com o calvário que têm enfrentado os Heat, que não têm Dragić e só recentemente reintegraram o importante Bam Adebayo, cujo problema no ombro impediu o extremo-poste de participar nos Jogos 2 e 3.

Os Lakers já eram apontados como os favoritos antes do festival de lesões, pelo que os fãs e especialistas não esperavam que a série se arrastasse até um Jogo 6. Miami precisa de vencer essa partida (madrugada de domingo para segunda-feira, 00h30, Sport TV1) para garantir um Jogo 7. Se consegue repetir a proeza, são já dois triunfos seguidos em antecipação de um confronto decisivo onde, especialmente sem público e o impacto do “factor casa”, o momento de forma poderá fazer a diferença. James, Davis e companhia decerto não quererão que a situação chegue a esse ponto.

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