Jerónimo reconhece que há “respostas ausentes” neste Orçamento

Líder do PCP lançou o debate interno sobre as teses ao Congresso do PCP, que começa no dia da votação final global do Orçamento.

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Jerónimo de Sousa foi entrevistado pela RTP LUSA/RODRIGO ANTUNES

O secretário-geral comunista esteve no Telejornal de quinta-feira à noite, na RTP1, numa mini-entrevista sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2021. Em menos de cinco minutos, deixou três ideias: há “respostas ausentes” neste OE; a questão de um acordo escrito entre o PCP e o PS “não se coloca; e o partido só tomará decisões sobre o sentido de voto dos seus dez deputados “tendo em conta conteúdos concretos”.

Tendo em conta os conteúdos concretos é que determinaremos a nossa posição”, repetiu Jerónimo de Sousa, explicando que nas conversas com o executivo “continua a haver em muitas matérias uma posição” em que o PCP não acompanha o Governo. “Não há um processo fechado nessas conversas, nesse relacionamento institucional, bilateral, entre nós e o Governo”, disse.

Jerónimo de Sousa lembrou que, em matéria de OE, o PCP “tomou posições diferenciadas nos últimos anos: votou a favor, absteve-se, votou contra no Suplementar” para concluir: “Será o resultado final na Assembleia da República que determinará a nossa posição de voto. Não costumamos apresentar linhas vermelhas ou azuis. Há propostas elencadas que o Governo conhece.”

Para o líder comunista, nota-se “alguma evolução” e “acolhimento” de ideias por parte do Governo, mas ainda se está longe daquilo que o PCP entende como necessário para que o Orçamento responda aos trabalhadores e ao povo português. “Há respostas ausentes neste Orçamento do Estado”, disse. E elencou algumas delas: aumento geral dos salários e do salário mínimo em particular; valorização das reformas e pensões; questões relacionadas com creches e infantários; falta de assistentes operacionais na educação. 

Questionado sobre um eventual acordo escrito, que o primeiro-ministro tem sugerido, Jerónimo de Sousa disse que a questão “não se coloca” e que o de 2015 existiu apenas porque resultou de "uma exigência do então Presidente da República que insistia que era preciso um papel”. “Nós não entendemos que isso seja uma questão a colocar”, insistiu.

Congresso afirmará política de esquerda como contraponto da convergência do PS com a direita

Ante da entrevista à RTP, Jerónimo de Sousa esteve numa sessão pública na Casa do Alentejo, em Lisboa, que serviu para abrir o debate interno em torno das teses ao congresso de Novembro. Durante um discurso de 27 minutos e perante 150 militantes e dirigentes, o líder dos comunistas definiu como “questão estratégica” a “ruptura” com a “política de direita” do PS e a luta por uma “política patriótica e de esquerda”.

"A ruptura com política de direita e a luta por uma política alternativa, patriótica e de esquerda são a questão estratégica que se coloca à acção do partido, à luta do trabalhadores e do povo” e que apela à “convergência da patriotas e democratas”, disse Jerónimo de Sousa, que criticou ainda as opções e políticas de direita seguidas pelo PS nos últimos anos, juntamente com o PSD e o CDS.

actual situação política nacional, afirmou, “põe em evidência, face à política do Governo do PS, às tentativas de reabilitação do PSD e do CDS e a sua crescente convergência com o PS a necessidade de uma luta por uma política patriótica e de esquerda”.

O XXI Congresso do PCP realiza-se a 27, 28 e 29 de Novembro de 2020 no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, sob o lema “Organizar, Lutar, Avançar - Democracia e Socialismo”. O Orçamento tem votação final global marcada para o primeiro dia do conclave.

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