Queda das exportações de bens abrandou em Agosto para 1,4%

Portugal conseguiu manter as vendas em alta para França, Alemanha e Espanha, e manter o ritmo para Itália, mas não para outros principais mercados.

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A balança de bens e serviços deverá ser deficitária este ano, antecipa o Banco de Portugal José Sarmento Matos

As exportações portuguesas continuaram a cair em Agosto, embora a um ritmo muito menor do que nos meses anteriores, mostram dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). As vendas de bens destinados aos mercados externos recuaram 1,4% face a Agosto do ano passado, uma descida mais baixa do que a que se verificava em Março, quando a pandemia se agravou em Portugal e levou a um confinamento geral.

Apesar de haver uma diminuição dessa diferença, as exportações ainda apresentam um decréscimo homólogo de 6,5% quando se faz a conta ao trimestre terminado em Agosto. A quebra acumulada nos nove primeiros meses do ano é de 14%.

As vendas chegaram a recuar 41% e 39% em Abril e Maio, continuaram a cair 10 e 7% em Junho e Julho, voltando agora a encurtar o diferencial face a 2019.

As empresas portuguesas colocaram no estrangeiro bens no valor de 3770 milhões de euros em Agosto, quando no mês idêntico do ano anterior tinham vendido mercadorias de 3825 milhões, uma diferença de 55 milhões.

Para os principais parceiros do mercado europeu – para os 27 países da União Europeia e o Reino Unido — registou-se em Agosto uma quebra homóloga de 1%, enquanto para as geografias exteriores à União Europeia a variação foi mais acentuada, de 8,4%.

Olhando para os maiores destinos dos produtos portugueses em 2019, os dados de Agosto mostram que Portugal conseguiu continuar a vender mais em Agosto deste ano a Espanha, França e Alemanha do que em Agosto do ano passado (2,8%; 21,1%; e 2,6%) e manteve o mesmo nível de exportações para Itália, mas não aos outros mercados principais. A saída de bens continuou a cair para o Reino Unido (11,2%), Estados Unidos (10,1%), Países Baixos (8,3%), Bélgica (2,2%), Angola (32,7%) e Polónia (6,9%).

Nas importações, Portugal regista uma descida maior – a compra de bens ao estrangeiro recuou 11,6% em termos homólogos. O recuo da economia portuguesa fez com que o montante dos bens importados baixasse para 4818 milhões de euros (menos 630 milhões do que em Agosto de 2019). Mas, apesar do decréscimo, o nível de importações de bens continua a ser superior ao desempenho das exportações (verifica-se uma atenuação do défice comercial).

Em Agosto, “o défice da balança comercial atingiu 1048 milhões de euros, o que representa uma diminuição do défice de 575 milhões de euros face ao mesmo mês de 2019”, refere o INE.

Tanto as vendas como nas compras houve descidas na “maioria das categorias de produtos”, refere o INE, com destaque para as exportações de fornecimentos industriais nas exportações (onde a descida foi de 7,2%) e para as importações de material de transporte (32,9%, sendo que o que o explica é principalmente o recuo na compra de aviões).

Os dados do INE apenas contabilizam os bens, cabendo ao Banco de Portugal a divulgação dos dados sobre as exportações de serviços, onde a queda no turismo (próxima dos 60% até Julho em termos homólogos) deverá levar a que a balança de bens e serviços portuguesa passe a ser deficitária em 2020.

Nos serviços, as exportações acumulam uma descida de 38,4% até Julho. E para as duas componentes (bens e serviços), o supervisor bancário está a prever que haja uma diminuição de 19,5% no conjunto do ano, contando com um recuo de 12,4% nas importações.

Nas projecções mais recentes, divulgadas esta semana, o Banco de Portugal, a economia portuguesa deverá registar este ano uma contracção de 8,1%.

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