Festival luso-americano Fabric Arts volta a Fall River com edição híbrida

O festival regressa para uma edição que “procura inspirar uma narrativa que celebre e reflicta o tecido urbano e social de Fall River, a sua herança industrial nas fábricas têxteis e o seu vínculo cultural profundamente enraizado com Portugal”.

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Os Lavoisier são uma das bandas que, em Lisboa e Ponta Delgada, gravaram concertos que serão projectados no edifício da Câmara Municipal de Fall River DR

De Lisboa e Ponta Delgada para Massachusetts, nos EUA, o festival Fabric Arts regressa a Fall River em 16 e 17 de Outubro, numa edição “híbrida e dinâmica”, que envolve artistas portugueses e mostras de artistas locais.

Pelo segundo ano consecutivo, a Casa dos Açores de Nova Inglaterra promove o festival Fabric Arts, com a curadoria de Jesse James e Sofia Carolina Botelho (Walk & Talk) e António Pedro Lopes (Tremor), numa edição que “procura inspirar uma narrativa que celebre e reflicta o tecido urbano e social de Fall River, a sua herança industrial nas fábricas têxteis e o seu vínculo cultural profundamente enraizado com Portugal”.

Cumprindo todos os requisitos de segurança a que a situação pandémica obriga, a organização traz uma “edição híbrida e dinâmica” que, entre 16 e 17 de Outubro, “combina intervenções artísticas físicas e multidisciplinares no centro de Fall River [no estado norte-americano de Massachusetts], com experiências virtuais únicas”, explicam, em comunicado.

O programa abrange uma vertente musical, que inclui uma actuação do saxofonista Chase Ceglie, gravada a partir de casa, que será disponibilizada online, mas também através de códigos QR espalhados pela cidade.

Há ainda cinco concertos de 30 minutos, do programa Fados, Fadas e Violas, que foram gravados em Lisboa e em Ponta Delgada e “serão projectados no edifício da Câmara Municipal de Fall River”.

Nesta vertente, surgem “artistas que trabalham em torno de formas de fado e do cancioneiro e instrumentos portugueses, que reinterpretam princípios de identidade, história e pertença”, como os tocadores de guitarra portuguesa Ricardo Rocha e Gaspar Varela, ou o músico de viola da terra — "o instrumento dos dois corações e 12 acordes, que é sinónimo de “açorianidade"" —, Rafael Carvalho.

No cartaz musical cabe, ainda, "a poesia de Miguel Torga, com o poder da performance e harmonias de Patrícia Relvas e Roberto Afonso”, com o projecto Lavoisier, e Fado Bicha, “um fado queer inovador" com um “sentido de subversão das formas e letras tradicionais”.

Na relação com o espaço, o Fabric apresenta Come Walk With Me, três caminhadas performativas, desenhadas e orientadas “remotamente pelo coreógrafo e artista contextual Gustavo Ciríaco”, em que, através de um workshop de zoom conduzido a partir de Lisboa, o artista “convida cinco participantes a mapear, de forma colaborativa, a cidade”.

Com Ciríaco, é possível descobrir a cidade “através de antigos cartões-postais”, em Postcards from Fall River, embarcar numa “deambulação sensorial pela natureza, em See Through My Voices, Smell Through My Eyes e reimaginar as cascatas de Fall River na sessão As Water Falls.

Serão também criadas três instalações “site-specific” em torno do passadiço do rio Quequechan e um projecto gráfico inspirado na canção Viva Fall River, do cantor Jorge Ferreira.

Os artistas locais emergentes cabem numa mostra com curadoria de Harry Gould Harvey, IV, na fábrica têxtil Merrow Manufacturing, que reúne trabalhos de Michael Assiff, Brittni Ann Harvey, Gregory Kalliche, Zachary John Martin, Susan Mohl Powers, Jeffrey Alan Scudder, Flannery Silva, Faith Wilding e Allyson Vieira.

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