PJ faz buscas nas quatro câmaras socialistas da Madeira

Elementos da Unidade Nacional de Combate à Corrupção visitaram todas as autarquias ligadas ao PS. Partido diz-se disponível para colaborar com as autoridades.

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PJ fez buscas em quatro autarquias madeirenses daniel rocha

Primeiro foi o Funchal, depois Porto Moniz, Ponta do Sol e Machico. Quatro autarquias lideradas pelo PS na Madeira foram alvo de buscas efectuadas pela Polícia Judiciária (PJ), esta quarta e quinta-feira. Em causa estarão suspeitas de irregularidades em contratos por ajuste directo, realizados entre as autarquias e várias empresas e entidades, que podem ter servido como instrumento de financiamento ilegal do PS-Madeira.

Em comunicado emitido ao início desta tarde, a PJ confirma que elementos da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e do Departamento de Investigação Criminal da Madeira (DIC da Madeira) realizaram diversas buscas em quatro autarquias da região autónoma “para recolha de elementos de prova”.

Sem especificar a natureza do processo-crime, o comunicado da Polícia Judiciária indica apenas que partiu de uma denúncia anónima efectuada na plataforma da Procuradoria-Geral da República e que está a correr no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa.

O PS-Madeira reagiu em comunicado, assinado pelo presidente do partido, Paulo Cafôfo, dizendo-se “totalmente disponível” para colaborar com as autoridades judiciais, sublinhando que a investigação em curso nasceu de uma denúncia online feita em 2018.

Na altura, era o próprio Cafôfo, que saiu a meio do mandato para encabeçar a lista dos socialistas madeirenses nas regionais de Outubro do ano passado, o presidente da Câmara do Funchal, uma das quatro que foram alvo de buscas. “A autarquia salienta o seu compromisso no sentido de que sejam apurados todos os factos e de que seja esclarecida cabalmente a denúncia efectuada, reiterando a sua total cooperação para tudo aquilo que for necessário, conforme manifestado esta quarta-feira aos inspectores que se deslocaram aos Paços do Concelho”, avançou já a autarquia que é gerida por uma coligação de partidos numa nota enviada à imprensa.

Abordado por jornalistas no final da reunião de vereação desta quinta-feira, Miguel Gouveia, o actual presidente do município funchalense, remeteu a todas as explicações para o comunicado emitido na véspera. “Não gostaria de avançar mais do que aquilo que foi efectivamente colocado no comunicado, que é público”, disse Miguel Gouveia, que é o candidato escolhido pelo PS para reconquistar a presidência a Câmara do Funchal, acrescentando: “Todos os documentos solicitados foram entregues. Portanto, agora é aguardar serenamente o desenrolar da investigação”.

A posição do PS é, reforça Paulo Cafôfo, a de contribuir para o “célere apuramento” dos factos em análise. “O PS-Madeira gostaria de vincar que a sua actuação na vida pública assenta nos valores da responsabilidade, ética e transparência e pelo estrito cumprimento da lei, valores democráticos e de cidadania centrais desde a criação do partido e dos quais não abdica em momento algum”, afirma o partido em comunicado.

A Câmara do Funchal foi governada por Paulo Cafôfo, à frente de uma coligação de partidos (PS, BE, PDR, e Nós Cidadãos!), entre 2013 e Maio de 2019, altura em que renunciou o mandato para candidatar-se às regionais pelos socialistas.

As outras autarquias visadas são o Porto Moniz, presidida por Emanuel Câmara, o anterior líder do PS-Madeira, Ponta do Sol, chefiada por Célia Pessegueiro, presidente da mesa do congresso do partido, e Machico, liderada por Ricardo Franco.

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