Covid-19: mais oito mortes e 944 novos casos. Número de internados perto dos valores de Maio

Portugal registou 944 novos casos (o quarto valor mais alto de sempre) e nunca teve tantos casos activos como neste momento. Nas últimas 24 horas foi registada a morte de um homem entre os 30 e os 39 anos. O número de internados está numa tendência crescente desde o início de Setembro.

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Covid-19 fez oito vítimas mortais e infectou 944 pessoas nas últimas 24 horas Reuters/STEPHANE MAHE

Nas últimas 24 horas, 32 pessoas foram internadas por causa da covid-19 em Portugal, o que fez com que o número total de internamentos subisse para um valor que já não era registado desde Maio. No total, há 764 pessoas internadas, 106 destas em unidades de cuidados intensivos (UCI) — há quase cinco meses, a 11 de Maio, eram 805 (e 112 em UCI). Apesar de ter tido algumas variações, o número total de cidadãos internados está numa tendência crescente desde o início de Setembro.

Sobre esta questão e durante a conferência de imprensa desta quarta-feira, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, passou uma mensagem tranquilizadora, garantindo que existe capacidade mais do que suficiente para os pacientes infectados com covid-19, capacidade essa que poderá ser alargada em caso de necessidade.

“Na conferência de imprensa da passada sexta-feira falamos sobre a capacidade actual em termos de camas de enfermaria e unidades de cuidados intensivos. Os dados mantêm-se actuais, bem como a mensagem passada: existe capacidade de resposta disponível actualmente e, adicionalmente, capacidade que pode rapidamente ser disponibilizada caso seja necessário. A taxa de ocupação global mantém-se entre os 70% e os 80%, isto não considerando capacidade adicional. Monitorizamos diariamente a procura e estamos prontos a reagir caso seja necessário”, reiterou Diogo Serra Lopes.

Os números desta quarta-feira da Direcção-Geral da Saúde (DGS) revelam que a doença fez oito mortes em Portugal desde terça-feira, uma subida percentual de 0,3%. No total, a doença causada pelo novo coronavírus já fez 2040 vítimas mortais. Há também mais 944 novos casos, um aumento de 1,2% e que eleva para 81.256 o número total de casos identificados desde o início da pandemia — este valor é um dos mais altos das últimas semanas e o quarto mais alto de sempre. Nos últimos sete dias, Portugal registou dois dos valores mais altos de sempre em termos de novas infecções (no sábado, com 963 novos casos, e esta quarta-feira, com 944).

Diogo Serras Lopes considerou que o aumento do número de novos casos observados no mês de Setembro é natural, referindo o retomar de várias actividades económicas que tinham sido interrompidas durante o pico da primeira vaga de covid-19 no país. “A taxa de letalidade global é de 2,5% enquanto a letalidade acima dos 70 anos é de 13,1%. O aumento do número de casos não surpreende, quando consideramos o retomar progressivo da actividade a que assistimos, não apenas na dimensão económica, mas também na educação, com o regresso às aulas, ou na saúde, com o regresso da actividade existencial. O aumento verificado não é também um exclusivo da situação portuguesa, bastando observar a evolução da pandemia em outros países”, explicou, esta quarta-feira, em conferência de imprensa.

Há 46.023​ pessoas a serem acompanhadas pelas autoridades de saúde, menos 414 do que no dia anterior. Além disso, há agora 28.179 casos activos de infecção, mais 611 do que nesta terça-feira — valor obtido depois de subtraído o número de recuperados e de óbitos ao total de infecções. Portugal nunca teve tantos casos activos como tem esta quarta-feira. O boletim da DGS revela também que foram registados 325 casos recuperados nas últimas 24 horas — no total, existem agora 51.037 pessoas consideradas recuperadas.

Grande parte das novas infecções desta quarta-feira dizem respeito a duas zonas do país: 52% (ou 494 novos casos) foram registadas em Lisboa e Vale do Tejo, onde também ocorreram cinco das oito mortes, e 37% (356 novos casos) à região Norte, que também contabiliza uma das vítimas mortais das últimas 24 horas.

Na distribuição dos casos por região, Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a que tem o maior número acumulado de casos no país – ao todo, são 41.225 os registos de infecção e 811 mortes por covid-19. O Norte tem 29.469 casos e 900 mortes — é a região com o maior número de vítimas mortais. Já no Centro foram registados 58 novos casos, num total de 6561 infecções e 269 mortes. O Alentejo totaliza 1595 casos (oito novos) e 25 mortes. No Algarve há 1862 casos de infecção (21 nas últimas 24 horas) e 20 óbitos. A Madeira totaliza 257 casos de infecção (seis novos) e zero mortes. Já os Açores registam 287 casos (mais um) e 15 mortes desde o início da pandemia.

Depois da actualização das infecções por concelho, que é feita à segunda-feira, ficou a saber-se que, à semelhança do que se verificou na semana passada, Lisboa foi o concelho que registou o maior número de novos casos, com 448 na última semana para um total de 6965. Na lista dos concelhos com maior número de novas infecções seguem-se Sintra com mais 363 casos (total de 5804), Loures (mais 265, total de 3357), Odivelas (mais 157, 2366 acumulados), Porto (115 novos, 1957 no total) e Vila Nova de Gaia (146, 2421 no total). Almada (143, total de 1393), Cascais (141, 2177 no total), Guimarães (115 para um total de 1417), Seixal (112 novos, 1316 no total), Amadora (111 novos casos, total de 3149) e Oeiras (103, total de 1828) fecham a lista dos concelhos com registo de mais novos casos na última semana.

Os dados do relatório da DGS indicam que, do total de mortes registadas, 1017 são mulheres e 1023 homens. As oito mortes registadas nas últimas 24 horas são referentes a três homens e três mulheres acima dos 80 anos, a um homem entre os 50 e os 59 anos e a um homem entre os 30 e os 39 anos. A doença causada pelo novo coronavírus é mais mortal na faixa etária acima dos 70 anos: a doença matou 1768 pessoas com estas idades, o que representa 86,6% de todas as mortes registadas em todas as faixas etárias.

Confinamentos locais? Taxa de incidência dá “alguma tranquilidade"

A DGS não aconselha que os pais levem os filhos aos parques infantis, por considerarem que estes acarretam “riscos acrescidos”. A directora-geral da Saúde, Graça Freitas disse, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, que há alternativas mais seguras. “Os parques infantis constituem um equipamento lúdico, mas que encerra riscos porque pode originar uma grande aglomeração de crianças sem regras de qualquer tipo. Estarão alguns abertos, mas continuamos a não aconselhar a sua utilização. Os equipamentos nem sempre são devidamente higienizados entre utilizações e o controlo da mobilidade das crianças dentro do parque não está assegurado. A maior parte das crianças não usa máscara e no exterior não é recomendado esse uso. Continuamos a considerar que o parque infantil continua a encerrar um risco acrescido que não vale a pena ter. As crianças podem divertir-se ao ar livre, em segurança, noutros espaços”, afirmou Graça Freitas.

Esta quarta-feira, quando foi questionada sobre a hipótese de serem colocados em prática confinamentos locais em algumas regiões portuguesas para controlar surtos, Graça Freitas afirmou que apesar de o número de casos por cada 100 mil habitantes não ser o único parâmetro avaliado para tomar esse tipo de decisão, neste momento a taxa de incidência em cada município dá “alguma tranquilidade”.

“À data do dia 7, o último relatório que temos, todos os municípios do país estavam abaixo de uma incidência de 20 infecções por cem mil habitantes e isso dá-nos alguma tranquilidade. Sendo que a incidência não é o único parâmetro avaliado. Também é avaliado o “R”, que mede a transmissibilidade, e também as características demográficas das áreas onde ocorrem os casos. Não há indicações para medidas especiais, mas são medidas que são tomadas a nível local e as autoridades locais têm uma palavra a dizer”, explicou a directora-geral da Saúde.

Respondendo a uma questão sobre o impacto da covid-19 nas escolas desde a sua abertura, Graça Freitas fez questão de vincar que a “situação está controlada”. Detalhou, depois, o número de surtos e casos registados desde o início do presente ano lectivo. “O que temos verificado é que a situação está controlada e, por vezes, a escola tem um único caso, o que pode significar a ida de alguns contactos para casa. A decisão [de quem vai para casa] prende-se com a própria organização da escola. Neste momento temos identificado a nível do país 23 surtos em escolas, sendo que sete são no Norte, três no Centro, 12 em Lisboa e Vale do Tejo, não há no Alentejo e há um no Algarve. Estes surtos têm 136 casos positivos, entre alunos e funcionários, docentes ou não docentes. A partir destes casos, muitas pessoas estarão sob vigilância nos seus domicílios”, finalizou a directora-geral da Saúde.

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