Thomas Jefferson Byrd: foi assassinado um dos actores preferidos de Spike Lee

Actor de 70 anos foi encontrado morto em Atlanta no último sábado com vários tiros nas costas. Polícia diz que caso está sob investigação.

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Byrd teve uma carreira cheia tanto no cinema como no teatro Astrid Stawiarz/Getty Images

Thomas Jefferson Byrd, actor de 70 anos conhecido pelos seus papéis em vários filmes de Spike Lee, como Passadores (1995), Tudo Em Jogo (1998) ou Bamboozled (2000), foi alvejado várias vezes nas costas e assassinado na madrugada do último sábado, 3 de Outubro, em Atlanta. Craig Wyckoff, antigo representante do intérprete que teve uma carreira frutífera tanto no grande ecrã como no teatro, disse ao jornal norte-americano The New York Times ter conversado com um “círculo de amigos” próximos de Byrd, que lhe disseram que o actor havia tido uma discussão com um indivíduo numa loja e que “essa pessoa deve tê-lo seguido até casa”. A polícia diz que o caso está agora sob investigação.

Spike Lee foi um dos primeiros a reagir nas redes sociais ao assassinato de Byrd, homenageando no Twitter o actor que, para além dos filmes anteriormente mencionados, colaborou igualmente em A Rapariga: Código 6 (1996), Marcha Sobre Washington (1996), Red Hook Summer (2012), Da Sweet Blood of Jesus (2014), longa-metragem que tem no elenco nomes como Stephen Tyrone Williams, Zaraah Abrahams e Rami Malek, ou ainda Chi-Raq (2015). Viola Davis, que também trabalhou com o actor, lamentou que a vida de Byrd tivesse “acabado desta forma”. “A rezar pela tua família. Sinto tanto”, escreveu, também no Twitter.

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Thomas Jefferson Byrd em Passadores DR

A participação em Ray, biopic de Ray Charles que tem Jamie Foxx como protagonista, será a mais conhecida na filmografia de Byrd, que apareceu em muitas peças do dramaturgo August Wilson, como The Piano Lesson (2001), Seven Guitars (2002), Gem of the Ocean (2006) e Ma Rainey –​ esta última chegou aos palcos da Broadway. O actor, que, salienta o The New York Times, interpretou ao longo da carreira “um espectro alargado de papéis”, dizia que se interessava sobretudo por personagens que “se distanciavam dos estereótipos que costumam prender os actores negros e que davam conta da profundidade e complexidade da negritude”.

“Nós, enquanto afro-americanos, levamos muito a sério a forma como somos retratados, porque aquele ecrã gigante é muito poderoso”, chegou a sublinhar. “Tu vês esta personagem [estereotipada] e vês que é uma pessoa minúscula. Eu chateio-me muito com isso, por causa do que isso diz sobre a forma como estou a ser representado, sobre a forma como um dia vão ser representados os meus filhos, sobre a forma como foram representados os meus avós.”

Craig Wyckoff frisou ao The New York Times que, em anos recentes, Thomas Jefferson Byrd, pai de quatro filhos e avô de quatro netos, havia começado a dar aulas de interpretação para “endireitar a sua vida pessoal”, depois de uma série de dificuldades não especificadas. De acordo com Nasser Metcalfe, actor que também trabalhou com Byrd, o artista estava a tornar-se “mais introspectivo” com o passar do tempo. “Ele estava mais num caminho de descoberta espiritual do que a tentar assegurar o próximo papel”, contou ao jornal norte-americano. “Mas sempre que o Spike ligava, ele estava lá.”

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