Banco de Portugal de Centeno menos pessimista: PIB cai 8,1% este ano

Nas primeiras previsões apresentadas por Mário Centeno, o Banco de Portugal aproximou as suas estimativas para a economia portuguesa das que estão a ser feitas pelo Governo

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Nuno Ferreira Santos

A economia portuguesa deverá registar este ano uma contracção de 8,1%, prevê o Banco de Portugal. É um valor que representa o resultado mais negativo em décadas, mas que ainda assim significa que autoridade monetária nacional está agora menos pessimista do que há três meses em relação à evolução da actividade económica.

Em Junho, o banco central antecipava uma queda do PIB de 9,5%, mas agora, depois de uma contracção de 9,4% no primeiro semestre e com a expectativa de uma recuperação durante o segundo semestre, a previsão passou a ser de uma queda, ainda substancial, mas mais moderada, de 8,1%.

O Banco de Portugal aproxima-se assim daquilo que o Governo está a antecipar para a economia. O Executivo apontava até agora para uma estimativa de contracção do PIB em 2020 próxima de 7%, mas esta terça-feira, nas reuniões com os partidos de oposição que estão a decorrer no Parlamento, assumiu que a queda do PIB este ano poderá afinal rondar os 8%, sendo que para 2021 a expectativa é a de um crescimento de 5,5%. 

Mário Centeno, na conferência de imprensa de apresentação do boletim económico de Outubro explicou que a revisão em alta da projecção do banco se deve essencialmente “a um segundo trimestre substancialmente melhor do que estava previsto”, assinalando em particular a evolução mais positiva do investimento, especialmente em construção. Em contraponto, as exportações continuam a ser o indicador que mais está a penalizar a economia, mas ainda assim com uma evolução um pouco menos negativa do que o esperado.

Mário Centeno, sendo esta a primeira previsão do Banco de Portugal desde que assumiu a sua liderança, sentiu necessidade de garantir que “a avaliação agora feita à economia é congruente com a avaliação que o Banco de Portugal fez ao longo dos últimos meses e anos”.

Em relação à evolução da economia nos anos seguintes, o Banco de Portugal não divulgou neste boletim novas previsões de crescimento. Ainda assim, Centeno mostrou alguma confiança em relação à capacidade da economia portuguesa em garantir uma retoma relativamente rápida. O governador assinalou que “à queda abrupta, seguiu-se uma recuperação quase imediata” e esteve perto de caracterizar a evolução da economia como um V. “Não arrisco dizer que a recuperação é em V porque ainda há uma grande incerteza”, disse, acrescentando contudo que a forma como resistiu o investimento “diz muito da confiança e da forma como podemos projectar a evolução da economia nos próximos trimestres”. 

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