“Continuar a editar!”, pede a Feira Gráfica de Lisboa. Mesmo em pandemia

Este ano, a Feira Gráfica vai ser uma exposição e decorre de 3 a 11 de Outubro no Museu de Lisboa. O objectivo da organização é provar que, embora o digital seja cada vez mais forte, se continua a editar em Portugal e que o papel continua a ser privilegiado pelo meio editorial.

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Filipa Pinto Machado (Xipipa)/Feira Gráfica de Lisboa

A terceira edição da Feira Gráfica de Lisboa, dedicada a microprojectos editoriais, vai acontecer de 3 a 11 de Outubro, no Pavilhão Branco do Museu de Lisboa, sob o mote “Continuar a Publicar!”. “Num tempo em que o digital ganha força, falamos de um trabalho de ligação ao papel que continua a ser privilegiado no meio editorial”, explica ao P3 Emanuel Cameira, membro da organização e curador do evento. 

Este ano, a feira será em moldes diferentes, devido à covid-19. Antes, reunia 7000 pessoas em dois dias de exibição, este ano, uma vez que o número de pessoas permitido num só espaço é reduzido, a equipa optou por organizar num local diferente uma exposição de obras seleccionadas — quem quiser adquiri-las, terá de o fazer pela Internet. De acordo com Filipa Valladares, uma das responsáveis pela Feira Gráfica e curadora do evento, a selecção das edições é feita com base nas obras editadas entre Novembro de 2019 e Setembro de 2020. 

Assim, a Feira Gráfica de Lisboa, que nas duas edições anteriores decorreu no Mercado de Santa Clara, transita este ano para o Museu de Lisboa, contando com mais de uma centena de editores independentes, autores e artistas. Entre as participantes estão editoras como Douda Correria, Sapata Press, não (edições), Abysmo, Averno, Oficina Arara, Edições Húmus, Stolen Books e o projecto Homem do Saco.

A alteração do local deriva, ainda, do facto de o Mercado de Santa Clara reunir algum público acidental, conta Emanuel Cameira. Como a exposição coincidia com a tradicional Feira da Ladra, muitas pessoas acabavam por dar de caras com a Feira Gráfica. Este ano, no Pavilhão Branco do Museu de Lisboa, “irá quem quer mesmo ir e não quem está na zona”, prevê o curador. 

Além de livros, ilustrações e fotografias, estarão disponíveis trabalhos noutros formatos, como jornais culturais, fanzines e impressões serigráficas. Serão exibidas imagens dos interiores das publicações para aguçar o apetite dos visitantes e foram também convidados alguns artistas para expor as suas obras.

Ao longo da feira-exposição, está previsto ainda um programa de conversas com os participantes, para discutir os constrangimentos e as oportunidades para publicar em tempo de pandemia ou como ser um autor independente e ter apoios à edição. Entre os temas em debate estarão ainda o (anti-)racismo, as desigualdades de género, os abusos de poder político e policial, entre outros.

A primeira conversa vai acontecer no dia 4 de Outubro e tem como tema o “Activismo gráfico”. Segue-se “A criação como afronta” no dia 5 e, dois dias depois, “Publicar em tempo de pandemia”. Por último, a 10 de Outubro, as sessões encerram com uma conversa sobre “A independência e apoios à edição”. 

A Feira Gráfica de Lisboa pode ser visitada das 14h30 às 19h. A entrada é livre, mas com lotação limitada. A compra das obras pode ser feita através do site do evento, sendo que a organização irá depois direccionar os pedidos para as respectivas editoras.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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