Movimento Somos Coimbra quer impedir nova “torre” junto aos hospitais

Alterações a empreendimento que estão em consulta pública iriam pressionar mais uma zona já de si problemática, defende vereadora Ana Bastos.

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O movimento Somos Coimbra quer impedir que um novo empreendimento de grandes dimensões, que combina habitação e comércio, surja na avenida Bissaya Barreto, perto dos Hospitais da Universidade de Coimbra e o IPO, uma zona da cidade já sobrecarregada com problemas de circulação rodoviária e de estacionamento.  

Diz a especialista em mobilidade e transportes Ana Bastos, que é também um dos dois vereadores eleitos pelo movimento na Câmara Municipal de Coimbra, que o problema passa pela alteração das dimensões do empreendimento privado. Até dia 19 de Outubro, está em consulta pública a proposta de alteração ao alvará de loteamento da Quinta de Voimarães, onde a autarquia “pretende autorizar cinco vezes mais a área de construção no lote B”, refere o movimento.  <_o3a_p>

Com as alterações propostas, o edifício que tinha seis andares passa para uma “torre de oito pisos”, a área de implantação, que era de 462 metros quadrados passa para 2288 (840 metros quadrados para habitação e 1448 para comércio) e o número de fogos sobre de seis para 45. Acresce a redução do número de lugares de estacionamento privado, de 218 para 86. <_o3a_p>

Ana Bastos considera que “o problema [naquela zona] já é extremamente grave”, sendo uma área da cidade onde já se concentram os Hospitais da Universidade de Coimbra, o hospital pediátrico, o IPO e o pólo III da universidade. “Mais do que não estarmos a mitigar os problemas, o pior é que estamos a agravar a situação”, explica a vereadora ao PÚBLICO. <_o3a_p>

A responsável, que regista “a prática sistemática de um estacionamento em segunda fila” numa parte da cidade que tem também gabinetes médicos, clínicas e serviços ligados à saúde, considera que, mesmo com aumento da oferta de transporte público, os lugares de estacionamento serão sempre essenciais naquela zona. “São pessoas que vão ao hospital e IPO, que têm dificuldade de mobilidade”, diz. “Não é o tipo de situações que seja facilmente transferida para o transporte colectivo”, afirma.  <_o3a_p>

Acontece que, por força das alterações à categoria de solo daquela zona introduzidas no Plano Director Municipal de 2014, a operação urbanística que está em consulta pública cumpre as normas. Ao alterar a categoria, lamenta Ana Bastos, “deixam de ser aplicados parâmetros quantitativos, passando a análise a ser meramente qualitativa”. E, portanto, “mais permissiva”, acrescenta. <_o3a_p>

Foi para debater este empreendimento privado que o Somos Coimbra organizou, na noite de quinta-feira, um debate transmitido online com os urbanistas Jorge Carvalho e José António Lameira e com o arquitecto Pedro Santos.  <_o3a_p>

“O mais importante da cidade não são os edifícios, é o espaço publico”, introduziu o urbanista Jorge Carvalho, para referir de seguida que aquela “já é uma zona muito densa”. Tanto que é o “único terreno livre que compõe o maciço” de habitação e serviços de que faz parte da Quinta de Voimarães, registou Pedro Santos. “Não vejo razão para a densificar mais” uma zona que está “muito carente de espaço público”, entende Jorge Carvalho.  <_o3a_p>

Pelo contrário, Pedro Santos considera que “não é por se densificar um espaço eu ele vai funcionar pior”. A questão é como, e “pode aqui uma oportunidade” para ajudar a resolver os problemas daquela zona. Deixa também um aviso em relação à superfície comercial de 1448 metros quadrados para comércio: com essa dimensão, “ou é um supermercado ou uma galeria comercial e os dois precisarão de apoio de estacionamento”.  <_o3a_p>

Falando de uma perspectiva mais geral, o urbanista e engenheiro civil José António Lameiras diz que, para planear uma cidade, é “cada vez mais importante ouvir as pessoas”. No caso do lote B de Voimarães, lamenta que a preocupação tenha sida com as questões formais de edificabilidade e não “com a valorização do espaço público e uma integração séria naquele local”.  <_o3a_p>

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