Medina recua e remete restrições ao trânsito na Baixa de Lisboa para próximo mandato

Medina garantiu que não abandonou o projecto, mas defendeu que a implementação das restrições ao trânsito não é adequada “numa altura em que toda a gente tem a sua vida perturbada”.

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FRANCISCO ROMAO PEREIRA

O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, remeteu hoje para um próximo mandato a implementação das restrições à circulação automóvel na Zona de Emissões Reduzidas (ZER) da Baixa, inicialmente previstas para este verão.

O autarca socialista já tinha anunciado em Junho que iria propor à autarquia uma “recalendarização” relativa ao desenvolvimento do projecto, que contempla restrições ao trânsito automóvel, bem como intervenções no espaço público, com criação de mais ciclovias e área pedonal, mas não adiantou datas.

Nesta sexta-feira, falando aos jornalistas à margem de uma visita à estação de Metro da Praça de Espanha, Medina garantiu que não abandonou o projecto, mas defendeu que a implementação das restrições ao trânsito não é adequada “numa altura em que toda a gente tem a sua vida perturbada”, devido à pandemia de covid-19.

“Mas eu quero sinalizar, e já sinalizei no executivo da câmara, é que a nossa intenção é avançar com o projecto assim que a cidade tenha a sua vida normalizada, nós tenhamos arrumado a pandemia, estejamos no fundo a avançar com outras preocupações”, frisou.

Questionado sobre se já está a contar ser eleito nas próximas eleições autárquicas, que se realizam no próximo ano, o autarca riu-se e disse: “Cada coisa a seu tempo, é como a ZER”.

“Se tiver responsabilidade sobre isso é essa a minha intenção”, garantiu.

“Defendo o projecto, acho que ele é muito importante, acho que há um tempo para se fazer e esse tempo não é este”, defendeu, acrescentando que se trata de uma questão de “bom senso”.

Fernando Medina reforçou que “é preciso ter compreensão pela situação muito alterada” que toda a gente está a viver.

“As pessoas hoje estão com as suas vidas muito modificadas, o comércio também com a sua vida muito alterada, muitas pessoas ainda em teletrabalho, muita incerteza sobre a abertura do ano lectivo. Por isso, entendemos que não seria num momento de tanta alteração que devíamos fazer mais uma alteração”, reiterou.

Em Junho, o presidente da autarquia adiantou também que, apesar de ter sido decidido adiar a questão das restrições ao trânsito, iria propor “a execução, desde já, das obras de espaço público e rede ciclável” definidas no programa apresentado pela câmara e a aquisição “dos meios e dos recursos necessários à plena introdução da zona de emissões reduzidas”, como os pórticos e os limitadores.

Em Janeiro, quando a Câmara de Lisboa anunciou a nova Zona de Emissões Reduzidas (ZER) Avenidas/Baixa-Chiado, na qual o trânsito automóvel passará a ser exclusivo para residentes, portadores de dístico e veículos autorizados, entre as 06h30 e as 00h00, estava previsto que o plano fosse apresentado à comunidade e aos comerciantes em Fevereiro e aprovado pela autarquia em Março, de modo a ser enviado para um período de consulta pública.

Estava ainda previsto que, a partir de 01 Maio, os cidadãos pudessem efectuar o registo para a obtenção dos dísticos e a “efectiva fiscalização e controlo de acesso entre Julho e Agosto”.

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