Contágio de Trump gera quedas moderadas em Wall Street

Queda da cotação do barril de petróleo chegou a atingir os 5%, mas segue a perder perto de 3% . Procura de activos com menos risco beneficia juros das obrigações europeias.

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LUSA/JUSTIN LANE

A primeira reacção dos mercados financeiros à notícia de infecção do presidente Donald Trump pelo novo coronavírus foi negativa, com fortes quedas nos contratos de futuros sobre acções e sobre o petróleo. No caso desta matéria-prima, as perdas chegaram a atingir os 5%, quer  WTI, referência para os Estados Unidos, e o Brent, mas já recuperaram parte das quedas, negociando perto dos 3% negativos. 

A travagem nas quedas, que também se verificou nas bolsas europeias, aconteceu depois do arranque das principais índices bolsistas norte-americanos, como o Dow Jones, Nasdaq e S&P 500, com perdas ainda expressivas, acima de 1%, mas que foram diminuindo gradualmente, negociando abaixo dessa barreira.

A queda a que se está a assistir nos mercados, maior às primeiras horas da manhã, não tem tanto a ver com a situação isolada de Donald Trump, mas essencialmente com o número global de infecções no país, e pela forma como estar a chegar a grupos sociais com maiores rendimentos, “nomeadamente à administração dos Estados Unidos”, defendem alguns analistas.

Contudo, a maior ou menor correcção dos mercados dependerá das informações que vierem a ser divulgadas em relação ao estado de saúde de Donald Trump e da primeira-dama, nomeadamente se estão assintomáticos ou de se o seu estado de saúde pode necessitar de internamento.

Os momentos de incerteza afastam os investidores de activos de maior risco, como as acções, o que fica evidente na queda de mais de 2% dos contratos de futuros sobre acções norte-americanas. E, consequentemente, dá-se a fuga para activos de refúgio, como as dívidas soberanas, que estão a registar maior procura, o que se traduz numa queda das taxas de juro, ou do ouro, em ligeira valorização.

Os juros das obrigações europeias, incluindo de Portugal, estão, por isso, em queda.

A confirmar-se o receio de forte correcção dos mercados do outro lado do Atlântico, as acções das empresas tecnológicas deverão ser as mais penalizadas pela incerteza, também porque são as que têm acumulado maiores valorizações.

Os principais índices bolsistas europeus, CAC francês e do DAX Alemão, encerram com perdas abaixo de 1%. Na praça lisboeta, o PSI 20 também encerrou a perder 0,83%.

A incerteza quanto ao impacto que o anúncio de infecção de Trump pode ter nas eleições norte-americanas, marcadas para dentro de um mês, e o receio de atrasos na aprovação do novo pacote de estímulo antes do acto eleitoral, são factores que também estão a penalizar os mercados, incluindo o cambial, onde o dólar está a negociar em perda de 0,3% face ao iene japonês. O euro segue a desvalorizar face ao dólar.

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