A Feira Gráfica voltou e traz uma exposição

Para dar visibilidade à edição e publicação independentes, a Feira Gráfica está de volta para lá dos campos e das fonteiras artísticas. Com um novo formato, no Pavilhão Branco do Museu Cidade, mas com o mesmo desejo de resistência, até 11 de Outubro.

Foto
Não será uma feira convencional mas as pessoas continuam a editar e a publicar, sugiram novos projectos filipa pinto machado / cortesia feira gráfica

Depois de dois anos no Mercado de Santa Clara, à feira da Ladra, a Feira Gráfica está de regresso para dar visibilidade ao universo das publicações e edições independentes — começa este sábado no Pavilhão Branco das Galerias Municipais, no jardim do Museu de Lisboa, e termina a 11 de Outubro. A particularidade da actual conjuntura mudou-lhe o formato, mas não a fez desistir. Ao contrário do que aconteceu nas edições anteriores, não haverá bancas, mas, no interior do pavilhão, uma exposição de livros de artistas, fanzines, edições de autor e revistas aguarda os visitantes. Já os lançamentos e as conversas decorrerão — sinal dos tempos — em formato digital. 

“Não haverá feira convencional”, confirma Filipa Valladares, da equipa de curadores que inclui ainda Emanuel Cameira, Gonçalo Duarte e Xavier Almeida, “mas decidimos mantê-la a funcionar. As pessoas continuaram a editar e a publicar, sugiram novos projectos. Quisemos mostrar as edições que aconteceram desde a última feira gráfica, no final de Outubro do ano passado”. Refira-se que as editoras, escolhidas pelos curadores, vão estar representadas na exposição e no site da feira haverá links directos para as suas páginas.

Das conversas, destacam-se “Activismo Gráfico — O território da edição como espaço de afirmação de identidade(s)”, com as presenças de Cecil Silveira (Sapata Press), André Teodósio / João Pedro Vale / Nuno Alexandre Ferreira (Mercado das Migalhas), Rodrigo Saturnino e Sílvia Prudêncio. E “Independência e apoios à edição — uma relação (in)compatível?” com Alex Vieira (Prego), Catarina Domingues (Chama

Foto
Livros de artistas, fanzines, edições de autor e revistas na exposição no Pavilhão Branco, no Museu da Cidade Filipa Pinto Machado

Ficção / Sr Teste), Celina Brás (Contemporânea) e Nuno da Luz (ATLAS Projectos). Uma e outra apontam para questões a relação histórica entre a publicação e a intervenção política e social e o significado da categoria “independente”. Esse último tema, aliás, coloca a tónica na natureza das editoras. “Estamos a falar de editoras de pequena escala, com tiragens restritas”, comenta Emanuel Cameira. “Livros ou publicações que circulam num circuito independente/alternativo de pequenas livrarias e espaço de distribuição, com públicos curtos”.

Apoiada pela Câmara Municipal de Lisboa, que cedeu o espaço, a Feira Gráfica, apesar de todas os condicionantes, continuará a reunir, sobre papel, vários campos e domínios: da literatura e da poesia à arte contemporânea, passando pela banda desenhada e ilustração. “Sim, a ideia foi sempre essa. Sair dos guetos editoriais, numa partilha. Temos coisas em comum e quisemos reunir públicos diversos. Essa transversalidade é muito importante”, diz Filipa Valladares. E de algum modo, exprime-se nos títulos que serão lançadas enquanto até 11 de Outubro. Por exemplo, em Calendário do Nunca, de Ostraliana (Sapata Press), em Diários do Corona de Bruno Borges (Fojo / O Gorila) ou no livro Apesar de Não Estar, Estou Muito (DJ Nobita Early Years - Diogo Jesus). Este e outras obras são emblemáticas de uma atitude que move a Feira Gráfica: não desistir, continuar a escrever, a desenhar. A publicar. 

Sugerir correcção