O fado disputa com o piano e saxofones o Prémio Novos Talentos Ageas

Rute Rita, Maat Saxophone Quartet e Pedro Borges são os finalistas da terceira edição do concurso, que se conclui este sábado na Casa da Música.

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Pedro Borges DR
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Rute Rita DR
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Maat Saxophone Quartet DR

O jazz já se tinha intrometido, nos dois anos anteriores, no universo mais convencional da música erudita, mas, à terceira edição, o fado conquistou também um lugar entre os três nomeados para a final do Prémio Novos Talentos Ageas, que este sábado vai ter lugar na Casa da Música (Sala Suggia, 18h00).

A responsável pelo feito é Rute Rita, uma jovem fadista nascida no Porto, e que foi uma das escolhidas pelo público que viu (e avaliou online) os concertos realizados por 18 músicos, intérpretes e grupos ao longo de 2019 na instituição portuense.

Os dois outros nomeados são o pianista Pedro Borges e o Maat Saxophone Quartet.

“Estar aqui é um momento único, e é um orgulho estarmos a representar neste concurso o fado da cidade do Porto”, disse esta sexta-feira Rute Rita no encontro com os jornalistas de apresentação da final do prémio que a Casa da Música promove em parceria com aquela seguradora.

A fadista iniciou a sua carreira ainda adolescente e, com apenas 14 anos, venceu, na categoria juvenil, a Grande Noite de Fado no Coliseu do Porto. Depois de dois anos de experiência profissional em Lisboa, decidiu regressar à cidade natal, onde tem dado voz aos nomes históricos do fado mais tradicional — como Alfredo Marceneiro e Amália Rodrigues, mas também Fernanda Baptista e Deolinda Maria, que vai cantar este sábado na Sala Suggia.

“O Porto também já consegue dar uma carreira às pessoas que querem fazer do fado a sua profissão”, testemunha Rute Rita, mesma se reivindica que a cidade deveria apostar em mais casas de fado e mais iniciativas neste domínio.

Sobre a companhia, e a competição, com os universos eruditos a seu lado, a fadista admite que se trata também de “áreas interessantes”, mas não esteve com rodeios: “A música clássica não é algo que eu aprecie; eu gosto é de fado”.

"Maat", de companheirismo

Os Maat Saxophone Quartet são Pedro Silva, Catarina Gomes, Daniel Lourenço e Ana Oliveira. Ligam-nos, além do instrumento, o terem estudado no Conservatório de Amesterdão, cidade onde continuam a viver e a trabalhar.

Em 2018, venceram o Prémio Jovens Músicos/Antena 2, na categoria de música de câmara, e foi essa conquista — explicou agora Pedro Silva — que fez com que fossem convidados para tocar na Casa da Música.

A escolha dos Países Baixos para a formação e a performance musical foi justificada pelo desejo dos quatro jovens de trabalharem com Arno Bornkamp, um prestigiado intérprete e professor do saxofone. Já a designação escolhida para o quarteto tem uma dupla justificação. “Nós queríamos um nome que ficasse no ouvido e que significasse algo, tanto na língua holandesa como em Portugal”, diz Pedro Silva. “Em holandês, ‘maat’ significa companheirismo, que é algo que o nosso grupo também transmite”, acrescenta o saxofonista, assumindo que a associação com as iniciais do Museu de Arquitectura, Arte e Tecnologia, em Lisboa, também teve a sua importância, “pela beleza da arquitectura e a imagem de modernidade” deste edifício à beira Tejo.

Apresentando-se como “um grupo com muita energia e muita vontade de fazer música nova e novos projectos”, o Maat Saxophone Quartet aposta na divulgação da música contemporânea portuguesa, recheada de “excelentes compositores”, nota Pedro Silva. Na sua actuação na final, o quarteto vai executar, entre outras, peças de Nuno Lobo, que é este ano compositor residente na Casa da Música.

Nascido em Vila Nova de Gaia, Pedro Borges, o terceiro finalista, iniciou os estudos de piano aos seis anos, tendo concluído o Conservatório da sua cidade com 20 valores. Estudou depois com Miguel Borges Coelho, e foi por via dessa relação, e seguindo “o caminho feito por outros amigos”, diz, que se fixou posteriormente em Basileia, na Suíça. Na Hochschule für Musik Basel estudou também música de câmara, e em Agosto último completou o mestrado em Pedagogia Musical.

O jovem pianista vê com satisfação a concorrência de representantes de outros instrumentos e géneros musicais. “Se fôssemos três pianistas a concorrer era o habitual; ter áreas diferentes é óptimo, para nós e também para o público”, defende Pedro Borges, na antevisão da final. Nela, vai interpretar um Nocturno de Chopin, dois prelúdios de Debussy e o 3.º andamento do bailado Petrushka, na transcrição para piano feita pelo próprio Stravinski.

O Prémio Novos Talentos Ageas atribui um valor pecuniário de 5000 euros.

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