Inverno nos lares não vai ser igual em todo o país, diz directora-geral da Saúde

Graça Freitas responde aos deputados no Parlamento.

Foto
LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, que está a ser ouvida na Comissão de Saúde da Assembleia da República, na manhã desta quarta-feira, disse, a respeito dos lares de idosos, que “o país não vai ser igual no próximo Inverno”. A responsável da Direcção-Geral da Saúde (DGS) referiu que estão a ser feitos contactos com as diferentes autoridades de saúde “no sentido de fazer a estratificação do risco”. As medidas a aplicar poderão ser diferenciadas consoante esse risco, ficou implícito.

“Há zonas, municípios, regiões afectadas comunitariamente de forma diferente. Nessas zonas, onde a circulação do vírus é mais activa, nós, Saúde, temos de ter uma preocupação acrescida. E queria dar muito esta noção: estamos a falar muito com as autoridades de saúde, no sentido de se fazer esta estratificação do risco. É diferente um concelho que tem casos na comunidade de outro que não tem muitos casos”, disse, no final da primeira ronda de perguntas, em que apenas as questões de André Ventura, do Chega, ficaram para mais tarde, por existir um problema com a audição do deputado que participava por videoconferência.

Com as perguntas muito centradas no que se passou no lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas, Graça Freitas insistiu que não houve “inacção”, afirmando que uma das lições retiradas do que ali aconteceu foi que é necessário reagir de forma mais rápida ao primeiro sinal de que poderá existir um caso positivo.

Na resposta aos deputados, a directora-geral da Saúde actualizou alguns números, dando conta de que os últimos dados disponíveis apontam para a existência de 302 surtos activos em todo o país, 51 dos quais em lares de idosos — dez na região norte, dois no centro, 35 em Lisboa e Vale do Tejo, três no Alentejo e três no Algarve. Todos, dentro e fora dos lares, estão “tipificados”, garantiu Graça Freitas. Em relação à taxa de letalidade para doentes com mais de 80 anos, a responsável da DGS garantiu que ela se situa nos 17,42%, o que coloca Portugal na 13.ª posição em comparação com os outros países europeus.

A directora-geral da Saúde explicou ainda aos deputados presentes na comissão que a vacinação contra a gripe nos lares e para os grupos considerados prioritários começou na segunda-feira e que, nesta primeira fase, estão disponíveis 335 mil doses, “que serão suficientes para vacinar todos os residentes, todos os profissionais de saúde, todos os que prestam cuidados a populações vulneráveis e também às grávidas”, que incluem para “proteger também o seu filho da próxima época gripal”, disse, salientando a importância de a vacinação ser alargada sobretudo neste Inverno: “É uma das grandes medidas para a preparação do Plano Outono/Inverno, quanto menos gripe tivermos, menos diagnóstico diferencial vai ser preciso fazer com um vírus que dá praticamente os mesmos sintomas.”

Graça Freitas ouve agora a segunda ronda de perguntas, com alguns deputados a pedirem esclarecimentos sobre as brigadas de intervenção rápida e o PSD a lamentar ter sabido das informações disponíveis sobre esta matéria pelo PÚBLICO.

Sugerir correcção