Rio diz que “mal vai o país” se líder da oposição e primeiro-ministro não conseguirem dialogar

Para Rio, uma democracia desenvolvida “carece que não se quebre a relação política e pessoal entre o líder da oposição e o primeiro-ministro”, mas o presidente do PSD admitiu que haverá muitas pessoas que discordarão desta visão.

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LUSA/LUÍS FORRA

O presidente do PSD, Rui Rio, considerou que “mal vai o país” se o líder da oposição e o primeiro-ministro deixarem degradar de tal forma a sua relação pessoal e política que quebrem todas as vias de diálogo.

Numa curta entrevista à RTP gravada na passada sexta-feira e transmitida na segunda-feira, na última edição do programa “Prós e Contras”, Rui Rio é questionado se “tem ou não uma relação de amizade” com o líder do PS e primeiro-ministro, António Costa, depois de ser recordada uma emissão que juntou ambos em 21 de Março de 2011 (na altura, autarcas de Porto e Lisboa, respectivamente).

“O equilíbrio que se deve fazer é o seguinte: não deixar afectar qualquer relacionamento pessoal positivo que possa haver da função política, mas também não degradar completamente essa relação por força da função política”, respondeu.

Para Rio, uma democracia desenvolvida “carece que não se quebre a relação política e pessoal entre o líder da oposição e o primeiro-ministro”. “Mal vai o país se o líder da oposição e o primeiro-ministro pura e simplesmente degradaram a relação e não há diálogo possível. É muito mau para o país e isso, quem tiver sentido de Estado, procura evitar”, disse.

Rio admitiu que haverá muitas pessoas que discordarão desta visão e que ao longo da história “a maior parte das vezes” tal não foi conseguido. “Eu, da minha parte, faço esse esforço, penso que ele também faz, porque há momentos decisivos para o país em que pode ser necessário que se seja capaz de dialogar, isso é vital”, afirmou.

Questionado sobre o voto do PSD na generalidade no próximo Orçamento do Estado para 2021, o líder do PSD respondeu que “será muito difícil estar de acordo”, mas disse querer aguardar pelo documento. “Até seria mau para o país estar de acordo com uma coisa completamente construída à esquerda. Então que alternativa é que havia para isto tudo”, questionou.

As declarações de Rio à RTP foram gravadas antes de o Presidente da República, na sexta-feira à tarde, à margem de uma visita a São Brás de Alportel, no Algarve, ter afirmado que, se não for possível uma aprovação do Orçamento do Estado com “apoio à esquerda”, então “a oposição, sobretudo a oposição que ambiciona liderar o Governo”, deve viabilizá-lo, como fez quando liderou o PSD.

Interrogado se este era um recado para Rui Rio, o chefe de Estado respondeu que estava a “dizer aquilo que é de bom senso meridiano” e que significa que “há um limite para aquilo que é próprio da democracia, que é a livre escolha dos partidos e dos políticos”.

Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que ao PSD pode “custar muito viabilizar o Orçamento”, por “discordar disto ou daquilo”, mas sustentou que “importa aprovar o Orçamento”.

Horas depois, à entrada para uma reunião do Conselho Nacional do PSD, também no Algarve, em Olhão, que viria a aprovar uma moção de apoio à eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais de 2021, Rui Rio respondeu às palavras do chefe de Estado.

O presidente do PSD recusou nessa ocasião sentir-se pressionado pelo Presidente da República e disse que quem está sob pressão são “PCP, BE, PS ou PS só com um”, enquanto o seu partido “está, por assim dizer, na bancada à espera que o jogo se inicie”.

“O líder do PS, neste caso também primeiro-ministro, foi muito claro, não podia ter sido mais claro, quando disse que no dia que precisasse do PSD para aprovar o Orçamento do Estado o seu Governo deixa de fazer sentido”, salientou Rui Rio, referindo-se a declarações doe António Costa em entrevista ao jornal Expresso.

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