Funchal dá medalha de mérito turístico às floristas, “embaixadoras” da cidade e da Madeira

As floristas do Funchal correm mundo em fotografias e vídeos, com os seus trajes típicos da Madeira, entre estrelícias, antúrios e próteas. Existem 14 no Funchal e são elas próprias “a marca da ilha de eterna Primavera”.

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No Mercado dos Lavradores daniel rocha
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No Mercado dos Lavradores daniel rocha
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No Mercado dos Lavradores Andreia Gomes Carvalho
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No Mercado dos Lavradores daniel rocha
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No Mercado dos Lavradores Ana Marques Maia
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No Mercado dos Lavradores ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

O presidente da Câmara do Funchal entregou no sábado a medalha de mérito turístico às floristas, que classificou de “embaixadoras da cidade”, e inaugurou um posto de turismo no Mercado dos Lavradores, que representou um investimento de 20 mil euros.

“Na semana em que celebramos o Dia Mundial do Turismo (...) estamos hoje a marcar uma iniciativa com a entrega de medalhas de mérito turístico àquelas que são as “embaixadoras da cidade do Funchal e da região no mundo, as floristas”, disse Miguel Silva Gouveia, presidente da autarquia.

O responsável municipal destacou que são estas profissionais que dão um “colorido especial à cidade, que são a marca da ilha de eterna Primavera, que têm permissão de levar as flores a quem visita o Funchal e merecem reconhecimento, o que foi hoje materializado com a entrega desta medalha e prémio de mérito turístico”.

“Acho uma homenagem justa, porque nós representamos qualquer coisa da Madeira”, disse à agência Lusa Ilda Silveira, uma das 14 floristas da capital madeirense, com banca no Mercado dos Lavradores, no centro da cidade. 

"É uma coisa bonita e bem merecida para todas. Lutamos muito e passamos aqui a vida para o turista nos tirar fotografias. É dar o valor e a gente fica satisfeita com isso”, afirmou, por seu lado, Cecília Rodrigues, a florista mais antiga, também com banca no mercado. Natural de Câmara de Lobos, a oeste do Funchal, onde nasceu há 60 anos, Cecília Rodrigues vende flores no mercado desde 1971, quando tinha apenas 11 anos.

"Como era pequenina, muito magrinha, de cabelos compridos, os estrangeiros todos gostavam de tirar fotografias comigo", conta, lembrando que, naquela época, era raro o turista que não levava uma flor para o hotel, ao contrário do que acontece hoje, sobretudo agora, com a pandemia.

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No Mercado dos Lavradores, Cecilia Rodrigues a mais antiga florista do mercado Ana Marques Maia

A florista diz, no entanto, que a crise começou muito antes da covid-19, quando o transporte de flores a bordo dos aviões passou a ser pago. "Se um estrangeiro compra uma caixa com dez estrelícias, são cinco euros, a embalagem são dois, faz sete, e depois, no aeroporto, para levar essa caixa, tem de pagar 30 euros”, explica, vincando que esta circunstância fez “baixar bastante” o negócio.

Na banca em frente, Lígia Gonçalves, 63 anos, florista há 24, também se queixa de “problemas no negócio” por causa da quebra no turismo provocada pela covid-19. “Não é fácil. Temos de saber gerir muito bem, para não ficarmos sufocados", disse, reforçando que as flores, em si, não são um produto caro: “Estes raminhos de beladona a 1 euro, a estrelícia a 50 cêntimos, os antúrios consoante o tamanho, 1 euro, 1 euro e meio. Acho que é um preço acessível.”

Por outro lado, Ilda Silveira, que tem 57 anos e exerce a actividade há 37, estabelece dois momentos que marcaram o sector pela negativa: o actual, devido à covid-19, e os ataques terroristas nos Estados Unidos, a 11 de Setembro de 2001.

“A partir daí, não havendo possibilidade de as pessoas levarem flores no avião, o nosso trabalho complicou-se um bocadinho”, disse. E reforçou: “Agora, com a pandemia, não sei se há palavras? Acho que ninguém encontra as palavras certas.”

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ana marques maia

Estas três floristas mostram-se, no entanto, expectantes com a retoma gradual do turismo na Região Autónoma da Madeira e também destacam a importância dos clientes regionais.

"Agradeço aos meus clientes da Madeira, eu agora vivo do cliente madeirense", disse Cecília Rodrigues, realçando: “Continuam a vir, mas já não compraram o que compravam. Tenho aqui umas senhoras que antes levavam 20 euros de flores ao fim de semana, agora levam um raminho de cinco euros.”

E também há clientes estrangeiros que nunca deixaram de vir. “Neste momento, está cá um casal, já são meus clientes há trinta anos, são da Bélgica. Hoje levaram sete antúrios e disseram que iam ficar quatro semanas, porque a Madeira é segura, foi o que disseram”, contou.

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As floristas do Mercado dos Lavradores, na maioria originárias da Camacha, freguesia do interior do concelho de Santa Cruz, zona leste da Madeira, vendem flores de produção local, algumas cultivadas pelas próprias, entre as quais se destacam estrelícias, antúrios, próteas, orquídeas, mas também rosas, nerines, gerberas ou margaridas, tornando as suas bancas ponto de paragem obrigatória para quem entra no recinto, um dos mais emblemáticos da cidade do Funchal.

No mercado, foi também inaugurado um posto de turismo, que fica situado “num edifício que é património cultural da cidade, o mais visitado por turistas, que, apesar do contexto de pandemia, importa continuar a requalificar”, referiu o presidente da câmara. Miguel Silva Gouveia adiantou ainda que o posto de turismo representou um investimento municipal na ordem dos 20 mil euros.

O autarca salientou que, “apesar do contexto de pandemia” é necessário fazer um esforço para “tentar uma adaptação para que a retoma turística regresse ao Funchal”, que costumava ter “uma população flutuante de 15 mil pessoas em permanência a visitar a cidade”. 

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