Grupo TAP dispara prejuízos para 606 milhões de euros no semestre

Transportadora aérea foi responsável pela maior fatia do prejuízo do grupo, no valor de 582 milhões de euros, devido ao efeito de quatro meses de pandemia. Sairam 560 trabalhadores da empresa em quatro meses.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Já se sabia que o impacto seria enorme e agora há números oficiais: no primeiro semestre deste ano os prejuízos do grupo TAP foram de 606 milhões de euros. A esmagadora maioria dos resultados negativos vieram da TAP SA, com a transportadora aérea a sofrer um prejuízo de 582 milhões de euros, cerca de cinco vezes acima do valor registado em idêntico período de 2019 (e que já foi um resultado negativo). Os outros 24 milhões de euros de prejuízos do grupo vieram das restantes actividades, como o catering, tratamento de bagagens (handling) ou a manutenção.

Nos 582 milhões de euros de prejuízo da transportadora aérea (96% do total do grupo) estão incluídos custos ligados à protecção da alta de preços do combustível (que tiveram a tendência oposta, com as paragens das economias globais a provocarem quedas a pique do barril do petróleo e dos derivados como o jetfuel), contabilizados em 136,3 milhões, bem como “diferenças de câmbio líquidas negativas de 58 milhões”. Neste último caso, o impacto negativo terá vindo da valorização do dólar face ao euro, sendo que é na moeda norte-americana que estão os custos com os pagamentos de aviões.

De acordo com informação semestral disponibilizada esta segunda-feira à tarde pela empresa, a transportadora aérea chegou ao final de Junho com 8593 trabalhadores, quando o universo laboral que se verificava no final de Fevereiro era composto por 9153. Assim, perderam-se 560 postos de trabalho com a pandemia em quatro meses.

Apesar ter registado bons resultados nos dois primeiros meses do ano, a TAP recorda que o desempenho financeiro e operacional no primeiro semestre foi “severamente impactado pela contracção da procura e redução da actividade a partir de Março” por causa da covid-19. Entre Abril e Junho, sublinha-se no documento de prestação de contas, a empresa registou “uma paragem temporária quase total da actividade” entre Abril e Junho.

Entre as medidas para preservar a liquidez avançadas pela empresa, que entretanto já começou a receber ajudas do Estado (perto de 500 milhões que podem ir até 1200 milhões de euros), engloba-se, além da dispensa de trabalhadores a prazo, a renegociação de contratos e prazos de pagamento e o recurso ao layoff simplificado (que ajudou a conter as despesas com pessoal). Estas medidas, diz a TAP, permitiram “manter liquidez suficiente até à concretização do auxílio de Estado” que, “em paralelo com o plano de reestruturação” que tem de ser entregue até 10 de Dezembro, “visa garantir à TAP a continuidade do negócio”.

Os gastos operacionais foram reduzidos em 30% face ao primeiro semestre de 2019, o que equivale a uma diminuição de 460 milhões de euros. Já os rendimentos operacionais caíram 55,4%, o que representa menos 802,8 milhões. Aqui, destaca-se a quebra de receitas com passagens, de 57,2% no período em análise, equivalente a menos 730 milhões de euros, com menos 4,9 milhões de passageiros. Uma realidade que foi transversal a todo o sector.

Sobre o plano de reestruturação, a TAP refere que este envolve um “adequado planeamento de rotas e de frota” a “adaptação do produto TAP à realidade actual e pós covid-19” e o “aumento da eficácia e da eficiência dos serviços centrais e das unidades” do grupo.

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