Jerónimo defende que EUA mostram capitalismo em crise e que solução é o socialismo

O secretário-geral comunista repetiu uma das teses recentemente apresentadas pelo PCP, insistindo que a covid-19 expôs e contribuiu para o “aprofundamento da crise estrutural do capitalismo”.

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Jerónimo de Sousa repetiu que a crise provocada pela pandemia expõe as falhas do capitalismo Diogo Ventura

O secretário-geral do PCP defendeu este domingo que a realidade mostra uma crise estrutural do capitalismo, que a pandemia de covid-19 acentuou, dando como exemplo os Estados Unidos da América, contrapondo que o socialismo é o futuro. Numa intervenção na Voz do Operário, em Lisboa, na abertura de uma conferência do PCP para assinalar o bicentenário do nascimento de Friedrich Engels, Jerónimo de Sousa prestou homenagem ao filósofo alemão, que escreveu com Karl Marx o “Manifesto do Partido Comunista”, e expressou orgulho no seu legado.

É o socialismo, e não o capitalismo, por mais ‘humanizado’ ou ‘verde’ que tentem vendê-lo, que é o futuro da sociedade”, sustentou o secretário-geral do PCP, nesta ocasião, reiterando o compromisso do seu partido para com “o projecto revolucionário” e a sua determinação em “lutar para que o socialismo se torne uma realidade do amanhã do povo português”.

Segundo Jerónimo de Sousa, “a pandemia de covid-19 veio trazer ainda mais luz sobre esta questão”, porque “acelerou e aprofundou tendências cujas causas residem no âmago da crise estrutural do capitalismo”, demonstrando que “o capitalismo é não só é incapaz de dar solução aos problemas dos trabalhadores e dos povos, como tende a agravá-los e a arrastar o mundo para uma terrível regressão social e civilizacional”.

“As profundas contradições capitalistas estão ainda mais expostas e os dogmas do capitalismo selvagem, a que alguns chamam neoliberalismo, caem por terra ao vermos grandes potências mergulhadas no caos e em profundíssimos conflitos sociais, como é o caso dos Estados Unidos da América”, apontou como exemplo.

De acordo com o secretário-geral do PCP, “a realidade mostra que o capitalismo não é, nem pode ser e não será o fim da História” e ficou mais visível neste período a sua “a face desumana”. “Contudo, como os fundadores do marxismo já tinham afirmado, não esperemos que o capitalismo caia por si”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa terminou o seu discurso concluindo que é imprescindível a “unidade, organização e luta” dos trabalhadores e a existência de “um Partido Comunista forte, permanentemente reforçado”.

“Nas condições de Portugal, a sociedade comunista que o PCP aponta ao nosso povo passa pela etapa que caracterizámos de uma ‘democracia avançada’, cuja definição básica assenta na concepção de que a democracia é simultaneamente política, económica, social e cultural”, referiu.

O secretário-geral do PCP argumentou que “não há “modelos” de revoluções, nem “modelos” de socialismo” e que para a sua implementação há que “ter em conta uma grande diversidade de soluções, etapas e fases da luta revolucionária”.

“É com a profunda convicção de que o socialismo se projecta e concretiza no futuro dos povos que, celebrando os 200 anos do nascimento de Friedrich Engels, reafirmamos a determinação do PCP para que o futuro do socialismo se torne uma realidade do amanhã do povo português”, declarou.

Nesta intervenção, Jerónimo de Sousa também falou sobre “o socialismo na União Soviética”, considerando que, embora derrotado, teve “extraordinárias realizações económicas, sociais e culturais” que “demonstraram a superioridade da nova sociedade”, e que não se pode apagar o seu “a insubstituível contribuição da URSS para as grandes conquistas revolucionárias do século XX”.

PCP alega que há tentativa de regredir décadas

De acordo com o secretário-geral do PCP, "à sombra da pandemia” de covid-19, está a ser lançada uma “nova onda de centralização, concentração do capital, utilizando a pandemia como pretexto para intensificar a exploração dos trabalhadores e a opressão neocolonialista dos povos, tentando assim desequilibrar ainda mais a repartição da riqueza ao nível mundial em favor do capital”.

“É essa mesma natureza que está na origem das teorias do “novo normal” com que tentam desenhar um novo quadro de relações sociais e políticas, onde o individualismo, o isolamento, a inexistência de perspectivas colectivas, o medo, a repressão, o conformismo, a compartimentação de direitos e o obscurantismo são usados para fazer regredir décadas de conquistas em direitos laborais - incluindo no próprio conceito de relação laboral -, sociais e democráticos”, sustentou.

Segundo Jerónimo de Sousa, “ao mesmo tempo, intensifica-se a corrida aos armamentos e multiplicam-se os focos de tensão e ingerências de agressões contra Estados soberanos, e os sectores mais reaccionários e agressivos do imperialismo jogam cada vez mais no fascismo e na guerra como saída para as insanáveis contradições do sistema capitalista”. “A luta de classes, que a classe dominante gostaria de confinar, tende e está a agudizar-se”, considerou, defendendo que “a exigência da superação revolucionária do capitalismo é mais actual e necessária do que nunca”.

Sem falar em casos concretos, o secretário-geral do PCP advertiu que há “vastas manobras em curso para desenvolver novas fileiras de acumulação capitalista nomeadamente no plano tecnológico e ambiental” e uma “espessa cortina ideológica de mentira, desinformação, manipulação, que visa conter a luta dos trabalhadores e dos povos”.

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