Filipe Nobre Faria. Os limites evolutivos da (nossa) moral liberal

Esta semana, no podcast 45 Graus, ouvimos Filipe Nobre Faria, doutorado em Teoria Política pelo King's College London em 2016 e professor na Universidade Nova de Lisboa, com investigação nas áreas de filosofia política e ética, que fala a propósito do livro The Evolutionary Limits of Liberalism (Os limites evolutivos do liberalismo), lançado no ano passado.

No livro, o académico faz uma análise à sustentabilidade da moral liberal, típica das democracias ocidentais, à luz da teoria evolucionista de Darwin. Por “moral liberal” entenda-se a primazia dada ao indivíduo, que está na base das ideologias dos principais partidos do sistema nos países ocidentais (e não só), que defendem, em maior ou menor medida, princípios como a democracia, mercados livres, estado de direito, direitos civis, direitos humanos, secularismo, igualdade de género, igualdade racial, internacionalismo, liberdade de expressão, etc.

Na sua análise, Filipe Nobre Faria tenta medir directamente a fitness evolutiva (i.e., a adaptabilidade) desta moral à luz da selecção natural, ou seja, avalia em que medida é que uma moral baseada no primado da liberdade individual gera ou não coesão e promove a natalidade dos grupos.

As conclusões, como verão, não são as melhores para o paradigma liberal.

Este é um trabalho oportuno, que ajuda a enquadrar a raiz de alguns dos desafios que o modelo liberal enfrenta actualmente — sejam as ameaças que vêm de dentro, como a ascensão de movimentos populistas e anti-sistema, sejam as ameaças que vêm de fora, como a aparente perda de força das democracias no plano internacional face a Estados autocráticos como a China ou a Rússia, com a sua visão a longo prazo e menos pruridos éticos. 

Como todas as conversas filosóficas, que nos forçam a revisitar as fundações das nossas convicções, esta foi uma conversa desafiante e, por vezes, admito que algo confusa de seguir, tal o número de dimensões em cima da mesa e a complexidade do objecto de análise. 

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