Cartas ao director

Cidadania

É magistral o artigo de Francisco Bethencourt publicado no PÚBLICO de 24 de Setembro acerca da obrigatoriedade da disciplina de cidadania nas escolas, que ele preconiza desde os primeiros anos de escolaridade. Nos antípodas do artigo publicado no mesmo dia da autoria do constitucionalista (!) Jorge Miranda, que considera que esta disciplina deve ser obrigatória “apenas para os alunos dos dois ou três últimos anos do ensino secundário (...) mas sem se entrar em sexologia (a educação sexual cabe aos pais)” (!), conclui. 

Este senhor constitucionalista nunca terá ouvido falar em gravidez (indesejada) na adolescência? Nem em violência doméstica, no casamento, no namoro? Nem da violência de muitas das praxes académicas? Terá este senhor constitucionalista noção de que muitos pais não saberão, ainda em 2020, como falar de sexo com os filhos adolescentes?   

Domicília Costa, Vila Nova de Gaia 

Cartão do cidadão

A distribuição de cartas e encomendas postais via CTT tem sido alvo de fortes críticas face ao medíocre desempenho das entregas. No entanto, como podemos responsabilizar os funcionários dos CTT quando há ruas na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, sem placa toponímica há vários anos? O anúncio feito da entrega dos cartões do cidadão via CTT é uma notícia preocupante face à incúria camarária. Afinal, para que serve a comissão de toponímia poveira? Com a troca constante de distribuidores postais, a tarefa não é fácil nessas ruas sem nome.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Marcelo e o PSD

O PSD não estará a ser pressionado ilegitimamente pelo Presidente da República? Acho que sim: recentemente rejeitava blocos centrais e aconselhava o Governo a entender-se com todas as esquerdas. Agora, mudou de opinião, e afinal, parece que o “bloco central” é útil para aprovar o OE2021. Qualquer analista político, e também eu que não o sou, sabe que Marcelo Rebelo de Sousa tem vindo a revelar uma obsessão - não quer crises políticas - porque se aproxima a data de ir a votos.

Na minha visão, é uma pressão sem sentido, ilegítima. Rui Rio de certeza que vai abster-se na aprovação do Orçamento do Estado, e com os votos do BE este será e bem aprovado. Qualquer Presidente deve estar acima destas situações - “amigos, amigos, negócios à parte”, diz o velho ditado... para bom entendedor meia palavra basta.

Tomaz Albuquerque, Lisboa

Vacina para a covid-19

O Governo anunciou que tinha contratualizado com o laboratório AstraZeneca a aquisição de milhões de vacinas para a covid-19. Não compreendo qual a necessidade de fazer tal contrato sem se saber das garantias do sucesso da vacina. Há inúmeras vacinas em adiantado estado de pesquisa que poderão vir a resultar, então porquê tal contrato? Também não compreendo porque é que os nossos investigadores desta área não se pronunciam sobre o assunto. Será que a questão se transformou de questão sanitária em questão política? Não pode haver política sem um mínimo de transparência, atendendo aos elevados custos públicos das pesquisas e aos elevados negócios que envolvem os laboratórios privados.

Mário Pires Miguel, Reboleira

Sugerir correcção