O acesso ao ensino superior, um sucesso que necessita de acompanhamento

Um grande desafio é colocado às instituições no sentido de oferecerem a este fluxo, agora reforçado, as melhores condições científico-pedagógicas e de ação social, para que, na crescente diversidade dos seus públicos, os respetivos percursos académicos se possam realizar com o desejado sucesso.

O anúncio das colocações no ensino superior público, através do Concurso Nacional de Acesso (CNA), é sempre um momento de enorme angústia. Não se sabendo com antecedência se as preferências dos candidatos podem ser totalmente satisfeitas, a corrida à página da Direção Geral do Ensino Superior justifica-se para verificar, preto no branco, se o resultado corresponde à melhor das opções indicadas na inscrição. No concurso deste ano, mais de metade dos candidatos foram colocados na primeira opção e 85% dos mesmos candidatos ficaram distribuídos nas três primeiras opções.

Em anos anteriores, o número de candidatos correspondia globalmente às vagas colocadas a concurso, embora com distorções significativas nas áreas de ensino que tradicionalmente reunem elevada procura. Mas este ano a situação alterou-se profundamente. Apresentaram-se a concurso, na 1ª fase, quase 63.000, o que representa um aumento de 25% face aos anos anteriores.

Sublinhe-se que o CNA não é a única porta de entrada para o ensino superior. Os concursos especiais (estudantes internacionais, maiores de 23 anos, diplomados profissionais, etc.), os concursos institucionais no ensino privado e, ainda, o preenchimento das vagas abertas pelos cursos superiores curtos oferecidos pelo sistema politécnico (público e privado) correspondem, no conjunto, a quase 40% do acesso global ao ensino superior.

Para além do reforço do CNA, decidido este ano perante o enorme aumento da procura, abriu-se, pela primeira vez, uma nova via de entrada no ensino superior dedicada aos diplomados dos cursos profissionais e artísticos de nível secundário. A expetativa é que cerca de um milhar de jovens utilize, este ano, este novo mecanismo para o acesso ao ensino superior.

O aumento da qualificação dos jovens é fundamental na perspetiva do futuro. O espectro do desemprego, por vezes referido, não tem justificação. É bem mais fácil encontrar uma ocupação ou desenvolver um projeto próprio para quem tem uma elevada qualificação do que para quem se queda por um nível moderado ou baixo de formação.

Paralelamente, está progressivamente a aumentar a responsabilidade das instituições de ensino superior na seleção dos seus candidatos. Os concursos especiais, os concursos institucionais (privado) e os concursos para os cursos superiores de curta duração são da exclusiva iniciativa das instituições. Em certos casos, esses concursos são organizados por consórcios, como aconteceu com o acesso dos diplomados profissionais e artísticos de nível secundário, permitindo que por via de uma só prova os candidatos possam escolher a melhor opção no seio do consórcio.

Um grande desafio é, contudo, colocado às instituições no sentido de oferecerem a este fluxo, agora reforçado, as melhores condições científico-pedagógicas e de ação social, para que, na crescente diversidade dos seus públicos, os respetivos percursos académicos se possam realizar com o desejado sucesso. 

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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