Suíços rejeitaram pôr fim ao acordo de livre circulação com a União Europeia

Num domingo de referendos, 61,7% dos suíços disseram “não” ao fim do acordo de livre circulação com a UE que preocupava a comunidade imigrante, nomeadamente a portuguesa.

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O presidente do SVP, Marco Chiesa, à direita, viu a sua proposta contra a imigração ser rejeitada por uma grande maioria dos suíços PETER SCHNEIDER/EPA

A Iniciativa por uma imigração moderada, apresentada pelo Partido Popular Suíço, de extrema-direita, foi rejeitada por grande maioria pelos suíços que este domingo foram chamados às urnas para decidir sobre cinco temas nacionais em referendo, da lei da caça à aquisição de aviões de combate, passando pelas deduções fiscais por cada filho e o alargamento da licença de paternidade.

Dos que foram votar, 61,7% escolheu o “não” a pôr fim ao acordo de livre circulação com a União Europeia e que permite aos suíços e aos cidadãos dos países da UE que assinaram o acordo de Schengen deslocarem-se sem contratempos dentro do espaço europeu. A maior rejeição à iniciativa foi do eleitor urbano e dos cantões francófonos. Só quatro cantões votaram favoravelmente a proposta da extrema-direita.

Esta era mais uma tentativa do populismo de extrema-direita de aproveitar a onda anti-migração em partes da Europa e não surgiu a partir da câmara alta ou da câmara baixa da Assembleia Federal da Suíça, que recusou a proposta do Partido Popular (SVP).

No entanto, na Suíça, se se conseguirem reunir 100 mil assinaturas em 18 meses para uma proposta de emenda constitucional, esta tem de ser submetida a referendo. E foi o que aconteceu. O SVP começou a reunir assinaturas no princípio de 2018 e juntou as que precisavam em apenas oito meses.

A votação estava agendada para 17 de Maio, mas acabou adiada por causa da pandemia de covid-19. O resultado final confirma o resultado apontado pelas sondagens. No final, mais de 1,9 milhões de eleitores rejeitaram acabar com a actual relação com a UE, enquanto perto de 1,2 milhões optou pelo “sim”.

Com isto, o SVP não conseguiu repetir a surpresa de 2014, quando uma iniciativa “contra a imigração em massa” acabou por ser aprovada pelos suíços, quando todas as sondagens apontavam para o resultado contrário.

As comunidades estrangeiras na Suíça, incluindo a portuguesa, a terceira maior, tinham receio de que a sua situação se tornasse difícil com a aprovação desta iniciativa.

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