Julian Alaphilippe é o novo campeão do mundo de ciclismo

O português Rui Costa manteve-se no pelotão até aos últimos 50 quilómetros da prova, mas acabou por não ter capacidade para entrar no lote restrito de ciclistas que disputaram as medalhas. Cortou a meta no 26.º lugar.

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Alaphilippe a cruzar a meta em Imola Reuters/JENNIFER LORENZINI

A corrida estava desenhada para ciclistas com o perfil de Julian Alaphilippe – ou mesmo do português Rui Costa – e o francês não desiludiu.

Neste domingo, em Itália, o ciclista da Quick-Step voltou a mostrar predicados únicos no pelotão internacional e venceu a medalha de ouro na prova de fundo dos Mundiais de Ciclismo, depois de um ataque solitário a mais de dez quilómetros da meta.

Acabando a prova em lágrimas, Alaphilippe, que sucede a Mads Pedersen, conseguiu mais um triunfo tremendo na carreira, aos 28 anos, cerca de um ano depois de ter vestido a camisola amarela da Volta a França durante vários dias.

Em Itália, a medalha de prata ficou para Wout van Aert e o bronze para Marc Hirschi, ciclistas mais rápidos no sprint final entre o grupo perseguidor.

O português Rui Costa manteve-se no pelotão até aos últimos 50 quilómetros da prova, mas acabou por não ter capacidade para entrar no lote restrito de ciclistas que disputaram as medalhas e cortou a meta no 26.º lugar.

Nota para o facto de, no top-10, apenas dois ciclistas (Matthews e Fuglsang) não terem estado presentes no último Tour, algo que atesta o benefício claro da prova francesa no ritmo competitivo dado aos ciclistas.

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O top-20 do Mundial de fundo

Pogacar atacou, como sempre

Em Imola, no Norte de Itália, a corrida começou por ter, como esperado, uma fuga. Mas a surpresa foi ter sido uma fuga pequena e, sobretudo, sem nenhum nome de primeira linha.

Jonas Koch, da Alemanha, e Torstein Traeen, da Noruega, escaparam do pelotão, mas desde cedo ficou claro que a aventura dos dois ciclistas teria o tempo contado.

Quando faltavam duas voltas ao circuito de Imola para terminar a corrida, a selecção francesa endureceu a corrida e neutralizou a fuga. E foi nesta fase que, já com a Bélgica na cabeça do pelotão, Tadej Pogacar, vencedor da Volta a França, decidiu aventurar-se por si próprio.

Apesar de ter parecido mais um endurecimento de corrida a pensar no compatriota Roglic, o sempre ofensivo Pogacar voltou a mostrar uma ousadia tremenda e seguiu sem qualquer ajuda, perante um pelotão encabeçado pela Bélgica – a trabalhar para Wout van Aert – e, a espaços, com ajuda da Espanha.

Com cerca de 20 quilómetros para a meta, o esforço de Pogacar, a pensar em Roglic ou não, ficou definitivamente sem utilidade, já que o campeão do Tour foi apanhado por um pelotão ainda bastante numeroso e no qual ainda estava o português Rui Costa – a restante selecção nacional, com Nélson Oliveira, Rúben Guerreiro e Ivo Oliveira, já tinha ficado para trás.

Nesta fase, a corrida entrou numa toada confusa. Vários ciclistas tentaram ataques, por vezes até em pequenos grupos, mas ninguém se destacou até à última subida do dia. Aí, já com o pelotão reduzido a cerca de 30 corredores, começaram os ataques.

Hirschi, Urán, Nibali, Valverde e Kwiatkowski foram alguns dos que tentaram, mas o ataque mais consistente foi o de Julian Alaphilippe, que era perseguido por Hirschi, Kwiatkowski, Roglic, van Aert e Fuglsang.

Com dez quilómetros para percorrer, parecia encontrado o lote de seis corredores que disputariam as medalhas – metade destes ciclistas acabaria o dia de “mãos a abanar”.

No grupo perseguidor, Wout van Aert era o homem a controlar, por ser claramente o mais rápido numa chegada em grupo, mas o problema estava mais à frente.

O ritmo de Alaphilippe não baixou e o francês, num autêntico contra-relógio individual, conseguiu aguentar a vantagem curta que tinha. E mais ninguém o impediu de cruzar a meta em lágrimas.

“É difícil dizer alguma coisa. Quero agradecer aos meus colegas de equipa, que acreditaram em mim. Ser campeão do mundo era o sonho da minha carreira. Andei perto, mas nunca no pódio. É um dia de sonho para mim”, disse o francês, após a corrida.

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