120 voluntários oferecem-se para cumprir pena em vez de adolescente acusado de blasfémia

Entre os voluntários está o director do Memorial de Auschwitz. Cada um destes adultos cumpriria um mês na prisão.

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Piotr Cywinski escreveu uma carta a Muhammadu Buhari Reuters/CARLO ALLEGRI

O director do Memorial de Auschwitz, na Polónia, Piotr Cywinski, ofereceu-se, em conjunto com mais 119 voluntários de várias partes do mundo, para cumprir a pena de 120 meses de prisão por blasfémia, a que foi condenado, num tribunal islâmico, um adolescente nigeriano de 13 anos.

De acordo com a BBC, Piotr Cywinski pediu ao Presidente nigeriano Muhammadu Buhari para conceder perdão ao rapaz, escrevendo-lhe mesmo uma carta, na qual defende que não deve ser totalmente responsabilizado, tendo em conta a sua idade, que não deve ser sujeito a perder a sua juventude, privado de oportunidades e estigmatizado para o resto da vida.

Ainda assim, se as autoridades considerarem que as palavras que proferiu merecem aquela pena, então os 120 voluntários adultos oferecem-se para cumpri-la em vez do jovem, acrescenta-se na carta citada por aquele órgão de comunicação social. Cada um cumpriria, assim, um mês de prisão em vez do jovem, o que perfaria os dez anos previstos na sentença.

O adolescente de 13 anos foi condenado por um tribunal islâmico por comentários que fez sobre Deus numa discussão, em Agosto, com um amigo no estado de Kano, situado no norte do país, onde os muçulmanos são a maioria.

O caso tem motivado polémica e a própria Unicef também já pediu às autoridades nigerianas para reverem a sentença, com urgência. Também o advogado do rapaz já recorreu, considerando que viola os direitos da criança e a Constituição da Nigéria, mas, e também à BBC, disse que ainda não havia data para o recurso ser analisado em tribunal.

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