Mad Nomad lança disco de estreia, Untamed, com concerto na Casa da Cerca (e no Facebook do PÚBLICO)

O projecto Mad Nomad, de Catarina dos Santos, lança o seu álbum de estreia, Untamed, ao vivo na Casa da Cerca. Este sábado às 21h30 no Facebook (também no do PÚBLICO).

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Mad Nomad: Catarina dos Santos com (da esquerda para a direita) Hugo Antunes, Óscar Graça, André Pinheiro e Luís Candeias DR

O disco chegou sexta-feira às plataformas digitais e 24 horas depois é apresentado ao vivo em mais um concerto do ciclo Há Música na Casa da Cerca, em Almada. Desta vez, o palco está entregue ao projecto Mad Nomad, de Catarina dos Santos, que ali apresenta o seu recém-lançado álbum de estreia, Untamed, onde se misturam o jazz, o hip hop, sampling e spoken word. Mas como a covid-19 trocou as voltas às agendas de discos e de concertos, este foi pré-gravado nos jardins da Casa da Cerca em Julho, sem público, mantendo-se inédito até à data da sua transmissão, através do Facebook da Casa da Cerca e também no Facebook do PÚBLICO, este sábado às 21h30.

Nascida no Barreiro, em 1977, Catarina dos Santos estudou na António Arroio, em Lisboa, no 12.º ano, e pintura na Faculdade de Belas-Artes. “Ao mesmo tempo, estava a estudar no Hot Clube, fiz o curso todo do Hot e fiz parte da cena do Hot naquela altura”, diz a cantora ao PÚBLICO. Até que decide ir até Nova Iorque, por um motivo forte: “A necessidade de estudar mais e melhor. Nós temos aqui excelentes professores, mas eu queria mesmo embeber-me do lugar e também estudar a um nível superior. E muitos fomos: eu sou da geração do Nuno Costa, do Óscar Marcelino da Graça (meu colega na banda), do Afonso Pais, da Joana Machado. Eu fui estudar com a Sheila Jordan, que era mais barato, e tive aulas com professores incríveis. O Ron Carter deu-me aulas! Foi fenomenal.”

De Nova Iorque a Londres

Quando chegou a Nova Iorque, em 2003, Catarina tinha 26 anos. “Estive lá dez anos, mesmo em Manhattan, e a fugir da gentrificação por Brooklyn, Queens, porque as rendas sobem muito. Por isso, conheço bem a cidade toda. Quando voltei, quis fazer um mestrado em som, algo que envolvesse mais a concepção sónica de um álbum, de síntese, de electrónica. Eu já vinha de uma tradição de música de um trabalho anterior, que fiz em Nova Iorque, e quis ampliar esse conhecimento para produzir os meus álbuns. Então fui para Londres, estudar na Goldsmiths University.”

Mas foi ainda em Nova Iorque (onde estudou, entre outros, com John Pattitucci, Sheila Jordan, Neil Clark, Paquito de Rivera, Jim Black, Luciana Souza e Duduka da Fonseca) que Catarina começou a esboçar o que viria a ser o Mad Nomad: “Por um lado, há a necessidade de falar um pouco da minha experiência como emigrante, que nasce em Nova Iorque quando decido que vou deixar a cidade – que é uma cidade muito intensa e um bocadinho difícil de deixar. Então começaram a sair poemas de spoken word, uma coisa assim absurda, e eu não sabia muito bem o que estava a acontecer.

Levou então esses poemas para Londres, pensando que era mesmo isso que tinha a dar ao seu mestrado: “A minha própria identidade, transmutada por todas as experiências que tive, porque eu venho de uma família de classe média-baixa e tive sempre de trabalhar muito para pagar o que quis fazer até agora, o que me tem dado muita força. Então o Mad Nomad nasce desses poemas, prontinhos para serem usados, e de uma grande necessidade de explorar mais a música electrónica e a construção do som em si. E Londres foi perfeita, porque permite essa continuidade de experiências que vivi, ainda com mais histórias.”

Digital vinil, até um livro

O disco, Untamed, que para já está apenas nas plataformas digitais, terá edição física ainda este ano e um prolongamento noutros suportes, como vídeos ou até um livro. “Estamos a imaginar todo um trabalho visual a posteriori do lançamento do disco. E fomos muito felizes, porque foi o Sérgio Milhano que misturou este álbum. Ele olhou para aquilo que eu trazia de Londres e disse ‘vamos lá trabalhar nisto’. Gostou muito da música e avançámos. Depois da edição digital, haverá uma em vinil, mais para a frente, estamos a construí-la. Vai ser um objecto muito bonito e muito coerente com o contexto das letras. E estamos ainda a pensar em pôr à disposição das pessoas um livro que é uma espécie de diário de bordo deste álbum, mas também das histórias que estão dentro das letras, um bocadinho mais em prosa, mas a contar um pouco todo este percurso.”

Mad Nomad, tanto no disco como ao vivo, é um quinteto: Catarina Santos (voz, pedais, composição), Óscar Graça (sintetizadores), Hugo Antunes (baixo eléctrico, pedais), Luís Candeias (bateria acústica e electrónica) e André Pinheiro (laptop, sampling). “Já somos amigos há muito tempo”, diz Catarina. “Eu estudei com o Luís Candeias; o Óscar é um dos melhores amigos do Nuno Costa, com quem eu tocava muito quando estava cá, e conhecemo-nos também do mesmo meio, o do jazz; o Hugo Antunes é também do Barreiro e é um músico que eu admiro muito; o único que eu não conhecia mesmo era o André Pinheiro, amigo do Hugo, e que é a pessoa que ao vivo cria a nível electrónico.”

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