Sindicatos de vigaristas

Não haveria melhor opção para um sindicato de vigaristas do que usar a técnica do carteirista e procurar distrair-nos lançando a confusão com conversa sobre ciganos, castrações químicas e cortes de ovários.

É da pequena história que a forma mais eficaz que os carteiristas têm de lançar a confusão, quando querem evitar ser descobertos, é gritar “apanha, ladrão!” e juntarem-se à perseguição de um meliante imaginário como supostas vítimas. É bom tê-lo em mente quando falamos do discurso político sobre a corrupção. Há quem fale de corrupção pelas razões certas: porque os recursos que são drenados pelos corruptos são nossos, e fazem-nos falta para as nossas escolas, hospitais e parques naturais; e porque a captura do Estado por interesses ilegítimos é não só corrupção mas corrosão, ou seja, fator de erosão da confiança pública e institucional. E há quem fale de corrupção sem oferecer diagnósticos nem soluções, mas apenas pela mesma razão prosaica que leva os carteiristas a gritar “apanha-ladrão!” — para nos distrair e lançar a confusão, enquanto nos escondem a verdade sobre os seus próprios comportamentos.

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