Kim Jong-un pede desculpa por assassínio de funcionário sul-coreano

Morte de homem de 47 que tentava desertar para a Coreia do Norte foi incidente “inesperado” e “infeliz”, afirmou o líder do regime norte-coreano, numa raro pedido de desculpas ao vizinho do Sul.

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Kim Jong-un espera que “a confiança entre as duas Coreias não saia danificada” Reuters/Athit Perawongmetha

O Líder Supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, enviou uma carta ao Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in a pedir desculpa pelo assassínio de um funcionário do Governo sul-coreano na quinta-feira, morto a tiro ao tentar entrar em território norte-coreano.

Num raro pedido de desculpas, Kim Jong-Un lamentou ter “desapontando o Presidente Moon Jae-in e os sul-coreanos”, classificando o incidente como “inesperado” e “infeliz”. O líder da Coreia do Norte demonstrou ainda esperança de que “a confiança entre as duas Coreias não saia danificada”.

Em causa, está um pedido de explicações exigido por Seul na quinta-feira, depois de ter acusado Pyongyang de ter executado e queimado o corpo de um funcionário do Ministério das Pescas e dos Oceanos que estava numa patrulha perto da ilha Yeonpyeong, junto à fronteira com a Coreia do Norte.

O homem de 47 anos, cuja identidade não foi revelada, estaria a tentar desertar para a Coreia do Norte, quando foi interceptado pelas autoridades norte-coreanas. De acordo com a agência Yonhap, o homem tinha-se divorciado recentemente e tinha problemas financeiros, o que pode explicar a sua intenção de fugir da Coreia do Sul. 

Seul disse que o homem foi baleado devido às indicações recebidas pelas forças de segurança por causa da covid-19, com ordem para matar quem tente ultrapassar a fronteira.

Na carta enviada ao Presidente Moon Jae-in, Kim Jong-un refere que o homem foi interceptado em águas norte-coreanas, tendo recusado responder às questões das autoridades. Depois, continua Kim, terá tentado fugir, o que levou as autoridades a dispararem dez tiros.

Pyongyang afirmou ainda que apenas incinerou um colete salva-vidas como medida de precaução devido ao coronavírus, e não o corpo do funcionário, que não foi encontrado, como Seul acusou.

O assassínio do funcionário do Governo causou enorme indignação na Coreia do Sul, e levou o Presidente Moon Jae-in a afirmar que estava em causa um incidente “chocante” que não pode ser tolerado. Desde 2008, quando uma turista foi morta a tiro após passar uma zona restrita na fronteira, que um sul-coreano não era morto na Coreia do Norte.

Em Junho, a tensão entre Norte e Sul aumentou substancialmente, depois de as autoridades norte-coreanos terem destruído um gabinete de ligação com a Coreia do Sul na cidade fronteiriça de Kaesong, um passo atrás nas tentativas de reaproximação entre os dois países.

A mesma cidade fronteiriça foi palco de outro incidente em Julho, quando um desertor norte-coreano a viver na Coreia do Sul tentou regressar ao Norte, suspeitando-se que pudesse estar infectado com covid-19, o que levou o regime de Kim Jong-un a entrar em estado de emergência.

De acordo com o Governo sul-coreano, citado pela Reuters, nos últimos meses, Kim e Moon Jae-in têm trocado cartas em que têm manifestado esperança de melhorar as suas relações após o fim da pandemia de covid-19.

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