Encarregados de Educação preocupados com monoblocos na EB1 Jorge Barradas

Depois de anos à espera que a requalificação da escola avançasse, as obras arrancaram recentemente mas a pandemia assusta.

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Daniel Rocha

A EB1 Jorge Barradas em Benfica, Lisboa, tem gerado preocupação entre alguns encarregados de educação uma vez que os alunos estão, neste ano lectivo, a ter  aulas em contentores por estarem a decorrer obras de requalificação no espaço. A situação tem gerado receios de que não seja possível compatibilizar “as indicações da Direcção-Geral da Saúde” e a situação gerada pelos trabalhos em curso, sendo que os alunos estão “em contacto com pó e com trabalhadores de construção”, diz um dos pais. Na terça-feira, um grupo de encarregados de educação reuniu-se junto à entrada da escola em manifestação contra o que consideravam ser más condições de segurança e de aprendizagem.

Os trabalhos de requalificação começaram recentemente. No entanto, há anos que existiam planos para uma requalificação da escola, que até agora não tinham avançado. A situação da escola foi criticada por Assunção Cristas no ano passado, que defendeu “intervenções mínimas para garantir a segurança e o mínimo de qualidade”, mencionando a “degradação” do espaço, “nas casas-de-banho, no refeitório, na água que entra no pavilhão desportivo”.

Ao PÚBLICO, fonte oficial do gabinete de Manuel Grilo, vereador da Educação, assegurou que tanto a Jorge Barradas como as outras escolas sob gestão municipal receberam “visitas das equipas da Protecção Civil”, tendo sido “garantido, mesmo nas escolas sem monoblocos, que são cumpridas as orientações da DGS”. E acrescentou que houve escolas onde não existia capacidade para cumprir as recomendações e que por isso foram alvo de obras de adaptação.

A Jorge Barradas não é a única escola em Lisboa em que as aulas funcionam em monoblocos. Na Teixeira de Pascoaes em Alvalade as obras duram desde 2016. Depois de vários avanços e recuos, retomaram este ano, com data prevista de conclusão para 2021.

Rosária Alves, directora do agrupamento de escolas de Benfica, insiste que a EB1 Jorge Barradas cumpre todas as recomendações da Direcção-Geral da Saúde, como o distanciamento de um metro e meio entre alunos “dentro do possível”. Segundo a directora, os próprios encarregados de educação reconhecem que as crianças têm melhores condições de aprendizagem nos monoblocos que no edificado antigo, que há muito precisava de ser renovado. Sublinha que houve várias reuniões com representantes dos pais, tanto antes como depois da manifestação, lamentando a disposição dos tapumes, que dificultam que os pais consigam “perceber o que está a acontecer dentro da escola.”

De acordo com a directora, os monoblocos têm sensivelmente o mesmo tamanho que uma sala de aula normal, considerando que também têm condições de ventilação e de conforto adequadas. E esclarece que as vistorias realizadas se prenderam essencialmente com a “arquitectura do mobiliário” — por outras palavras, com a disposição das mesas para que os alunos estivessem de costas uns para os outros, e com a acessibilidade na escola. Os alunos não terão contacto nem estarão perto da zona da obra, que está delimitada e onde se pode entrar apenas mediante autorização prévia e cumprimento de requisitos de segurança.

Depois da manifestação, foi convocada outra reunião com os pais. Mantendo-se optimista, Rosária Alves afirma que o encontro foi clarificador e que, “grosso modo, a reunião correu bem. É um processo novo para todos e para tempos extraordinários, medidas extraordinárias. Se com o passar do tempo percebermos que esta ou aquela medida não funciona, estaremos disponíveis para alterações e a funcionarmos de outra forma”.

Texto editado por Ana Fernandes

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