Como estamos preparados para o novo normal?

Nas escolas, as melhores decisões são sempre aquelas que contemplam o que é melhor para os alunos em determinado momento.

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Sergio Azenha

Nunca a chegada de um novo ano lectivo foi tão ansiada! Depois de seis meses em casa, o regresso às aulas tem um sabor especial. A expectativa por uns dias normais de escola, de aulas presenciais e de brincadeira e conversa com os colegas foi grande!

Há quem diga que os espaços mais seguros para as crianças são as salas de aula. Cumpridas todas as orientações da Direcção-Geral de Saúde, serão, com toda a certeza, espaços seguros.

Os planos de contingência a postos, as operações definidas e atribuídas, procedimentos definidos e interiorizados, equipamentos disponíveis e formação adequada assegurada. O quadro indica que tudo vai correr bem. O que se espera deste ano lectivo? Quais são as expectativas? O que será aceitável?

Sem qualquer dúvida que os esperados espaços reorganizados, horários desfasados, intervalos mais curtos e nos mesmos espaços, geram uma sensação de segurança e de preparação prévia para o que poderá surgir.

Enquanto na altura do lockdown o sentimento de nacionalismo acompanhou todos os nossos dias e era o país que estava em causa, e a globalização tinha dado lugar ao fecho das fronteiras e a um certo patriotismo, neste momento é esperado que a sensação de vivermos quase todos tudo ao mesmo tempo dê lugar à individualidade e identidade de cada organização ou lugar. Onde estão e quais são as escolas mais bem preparadas para fazer face ao novo normal?

Estamos certos de que o novo normal inclui viver dia a dia com a pandemia, em contínua laboração.

Quais são as regiões, concelhos, organizações escolares que melhores respostas deram aos cidadãos durante a quarentena e que, por essa razão, merecem mais confiança neste recomeço?

Para que todos e tudo voltem ao normal, cada célula da rede terá de funcionar, para se poder conectar com outras células, por assim dizer, cada turma, com outras turmas, cada escola, com outras escolas, cada agrupamento com outros agrupamentos e com o sistema, como um todo. Cada um está interessado em saber quantos casos de covid-19 tem, e como vai conseguir lidar com isso, sem parar a sua actividade. Pouco importa saber quantos casos tem a escola vizinha, mas sim a resposta ao stress causado pela pandemia, que cada organização pode ser determinante para o presente e para o futuro próximo.

A confiança e sensação de segurança constroem-se todos os dias e, neste caso, em qual foi a resposta em tempos de imprevisto. Algumas escolas estavam mais bem preparadas para responder ao imprevisto do que outras. Os pontos de partida eram diferentes. Mas houve exemplos de superação dignos de nota, onde se fez o que parecia impossível, pensando nos alunos e no bem-estar das famílias. Podemos dizer que cumpriram a sua missão, em tempo de crise.

Percebemos que a união fez a força e que a possibilidade de utilização gratuita de alguns serviços educativos em tempos de imprevisto foi muito significativa, mas possibilitou que todos tomassem as suas providências e se organizassem para as novas vagas da covid-19. Quem mostrou sinais dessa organização e fez de toda esta situação uma oportunidade para se reorganizar e actualizar face à nova realidade está, certamente, em vantagem.

Nas escolas, as melhores decisões são sempre aquelas que contemplam o que é melhor para os alunos em determinado momento. E como sempre, é necessário contextualizar: que alunos são estes, quais são os seus contextos e as suas realidades? Onde, como, por quanto tempo, com quem, estarão eles melhor? Foram as escolas que melhor souberam responder a estas questões durante a quarentena que geraram confiança nos pais e alunos e que oferecem melhores condições de segurança, pois mostraram ser capazes de pensar, ser flexíveis e dar respostas adequadas em tempo de imprevisto.

A globalização desacelerou, o nacionalismo cresceu, o umbigo de cada um tornou-se gigante.

O paradoxo de tudo isto é que também percebemos que sozinhos não iremos longe, e que unidos teremos mais recursos e seremos mais fortes. Como resolvemos esta equação? Talvez reaprendendo a ler a vida com sabedoria e calma, no olho do furacão.

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