Surf: o que muda em 2021?

O Tour está de volta. Arranca já em Novembro no Havai, mas no início do próximo ano visita Portugal.

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Henrique Casinhas

A acção está de volta e os melhores surfistas do mundo regressam à competição já este mês de Novembro. O novo formato, anunciado em Julho pela World Surf League (WSL), após o cancelamento do circuito mundial de 2020 devido à pandemia da Covid-19, começa em Movembro, no Havai. A prova feminina arranca em Honalua Bay, Maui, e um mês depois é a vez de os homens entrarem em acção em Pipeline, Oahu.

A saúde e a segurança de atletas, fãs, funcionários e comunidades locais ditaram a decisão da WSL de cancelar a temporada de 2020 quer do Championship Tour (CT), quer do Qualifying Series (QS). Afinal são estas as principais prioridades da organização. Ao mesmo tempo, a WSL procedeu também a uma reestruturação do calendário, que vai colocar a etapa portuguesa como a segunda do ano, a ser disputada em fevereiro. De seguida, o Tour viaja até à Gold Coast, Bells Beach e Margaret River (Austrália), Rio de Janeiro (Brasil), Califórnia (EUA), Java (Indonésia), Jeffrey’s Bay (África do Sul) e Teahupo’o (Tahiti).

Assim sendo, vamos a “contas”, que é como quem escreve, é tempo de percebermos que alterações são estas, até porque não mudam só as datas, mas também o formato da prova. O tour de 2021 começa assim no Havai e terminará em Dezembro de 2021 com um novo evento: o “WSL Finals”. Será esta a prova que vai atribuir o título mundial, um verdadeiro “desfecho épico” como definiu o CEO da WSL, Erik Logan. 

Aquele que será o último evento da temporada, o “WSL Finals”, terá a duração de um dia, sendo que o local será definido mais perto da data. Ao longo desse dia, os primeiros cinco classificados após os dez eventos do CT, quer no tour feminino quer no masculino, lutarão pelos respectivos títulos mundiais num novo formato de “surf-off”, ou seja, num formato de confrontos individuais. Um pouco como aconteceu no ano passado quando, no último heat da temporada, na final do Billabong Pipe Masters, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, na altura 2.º e 1.º classificados do ranking, decidiram até à última o título mundial.

Sobre esse assunto, Frederico Morais, único surfista português a competir actualmente no circuito mundial, defende que “a inserção de um novo evento que determine o campeão mundial pode ser bastante positiva”. “Um surfista que apresente resultados sólidos ao longo dos eventos, passa a competir apenas com aqueles que o acompanham nas posições do ranking”, acrescentou o atleta que foi o primeiro a garantir vaga Olímpica para Portugal nos JO.

Em 2021, a WSL inclui ainda, pela primeira vez na história, um número igual de eventos quer no CT feminino, quer no masculino. No total, serão dez provas em ambos os Tours, sendo que as mulheres se vão juntar aos homens para surfar em Teahupo’o, Tahiti, uma das ondas mais icónicas e exigentes do mundo. Tal não acontecia desde 2006.

Assim sendo, já que falamos de provas, é tempo de percebermos uma das principais mudanças para nós, portugueses. Depois do Havai, os melhores surfistas do mundo rumam a Portugal, mais precisamente a Peniche, de 18 a 28 de Fevereiro de 2021. Um evento que acontece assim bem mais cedo que o habitual (a prova decorria habitualmente em Outubro). “Para Portugal temos a garantia que, em Fevereiro, a probabilidade de existirem ondas excepcionais na costa portuguesa, aumenta significativamente”, começa por dizer Francisco Spínola, General Manager da WSL para a Europa, África e Médio Oriente.

E claro que para o Turismo de Portugal esta alteração dita um “um novo período de foco, com milhares de visitantes ‘in loco’” e em que “Portugal, será o epicentro do surf mundial”, mas desta vez em Fevereiro, diz ainda o responsável, para quem o segredo é replicar o que tem sido feito em Outubro em Peniche. Até porque, como defende Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, “o surf é, desde 2012, um dos principais eixos da comunicação de Portugal enquanto destino turístico”.

Ora, e é a pensar na sazonalidade do Tour que os circuitos de qualificação também sofreram alterações de calendário. A WSL resolveu criar temporadas distintas entre o CT e Challenger Series (CS). O Qualifying Series será disputado até Junho de 2021, servindo de apuramento para o circuito intermédio, o Challenger Series, a disputar entre Agosto e Dezembro.