“Vista maravilhosa”: Inês de Medeiros diz que declarações sobre Bairro Amarelo foram descontextualizadas

Autarca explica declarações polémicas sobre bairro social. “Nada do que foi debatido minimiza a preocupação” do município sobre a “situação social” ali vivida.

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daniel rocha

A presidente da Câmara de Almada disse esta quarta-feira que as suas afirmações sobre o Bairro Amarelo surgiram em resposta a uma pergunta feita pelo Bloco de Esquerda (BE), considerando que foram descontextualizadas devido ao “aproximar das eleições”.

“Bem sei que, com o aproximar das eleições autárquicas, a tentação para descontextualizar sistematicamente afirmações que são respostas a perguntas ou interpelações concretas, é grande, e a partir daí tirar conclusões que em nada correspondem ao sentido inicial das palavras”, disse Inês de Medeiros (PS), numa publicação feita na sua página do Facebook.

A autarca tem estado no centro de uma polémica por ter afirmado em reunião de câmara, na segunda-feira, que não se importaria de ir viver para o Bairro Amarelo, localizado no concelho, no distrito de Setúbal, devido à “vista maravilhosa”.

No entanto, Inês de Medeiros publicou um vídeo com este momento e apontou que “a questão da localização de alguns dos bairros sociais de Almada vem em resposta à interpretação directa feita pelo BE”, que dizia: “Ansiamos por projectos virados para as pessoas e que sejam também em pontos bonitos, que não sejam guetos”.

Neste sentido, a presidente também garantiu que “nada do que foi debatido minimiza a preocupação” do município sobre a “situação social que se vive nalguns destes bairros”, onde existem habitações precárias.

A situação teve mais visibilidade depois de a deputada do BE e vereadora em Almada, Joana Mortágua, ter partilhado um excerto no Twitter com a afirmação de Inês de Medeiros, criticando também a aprovação de um hotel de cinco estrelas no Porto Brandão, em Almada.

A agência Lusa tentou contactar Inês de Medeiros e Joana Mortágua, mas até ao momento não foi possível obter declarações.

Em declarações à Lusa, o vereador do PSD Nuno Matias, que tem o pelouro dos Espaços Verdes, Ambiente e Energia também concordou que se trata de uma “afirmação descontextualizada num conjunto de afirmações feitas em reunião de câmara”. Ainda assim, frisou que, para o partido, “o mais importante não é a vista, mas as condições de vida daquelas pessoas”.

Neste sentido, Nuno Matias indicou que ao longo dos últimos meses “tem havido um trabalho para que seja feita a criação de um regulamento de atribuição de habitações especiais, na identificação de fogos para requalificar e no âmbito do programa 1.º Direito, para o desenvolvimento de um programa de construção de habitação em Almada”.

Já o vereador comunista Joaquim Judas disse à Lusa que se tratou de uma afirmação “sem ponderar exactamente quais as interpretações”. “A senhora presidente da câmara é conhecida por ter, por vezes, declarações levianas, que misturam um certo populismo com algumas atitudes autoritárias que também a caracterizam. Está na mesma linha do que já tinha feito há alguns anos, dizendo que morando em Campo de Ourique viria sempre para a Câmara de Almada de Cacilheiro, mas, como a experiência mostrou, isso não tinha pés nem cabeça”, mencionou.

Neste sentido, indicou que o PCP “não valorizou” esta afirmação, inserindo-a “naquilo que é um estilo e uma forma de estar da senhora presidente”.

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