Celebridades norte-americanas doam dinheiro para pagar dívidas a ex-presos impedidos de votar

Personalidades como Michael Bloomberg, LeBron James e John Legend ajudaram a angariar mais de 20 milhões de dólares direccionados para a Florida, estado fulcral nas eleições norte-americanas, no qual ex-reclusos com multas ou custas judiciais em dívida estão impedidos de votar.

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Até 750 mil pessoas podem ser impedidas de votar na Florida Reuters/ALEXANDER DRAGO

Mais de 44 mil pessoas contribuíram para angariar cerca de 20 milhões de dólares (17,1 milhões de euros) que vão ser usados para pagar dívidas de ex-presidiários na Florida, impedidos de votar nas próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Numa corrida contra o tempo, uma vez que faltam menos de duas semanas para encerrar o processo de recenseamento eleitoral no estado norte-americano, figuras como o multimilionário e ex-candidato democrata à presidência Michael Bloomberg, o cantor John Legend e o basquetebolista LeBron James fazem parte da lista de celebridades que doaram à Comissão de Restauração dos Direitos da Florida (FRCC na sigla em inglês).

Em 2018, os eleitores votaram para acabar com a proibição vitalícia de voto para a maioria dos ex-presidiários. Seguiu-se uma revisão que suspendia o direito de voto de criminosos que cumpriram a pena de prisão à qual foram condenados, mas ainda tinham multas ou custas judiciais a pagar. Depois de ter sido considerada inconstitucional em tribunal, uma reavaliação na justiça, no início de Setembro, manteve a revisão da lei que agora está em vigor. Uma das juízas que votaram a favor da aplicação da lei, segundo nota o website Politico, foi Barbara Lagoa, uma das candidatas ao Supremo Tribunal nos EUA após a morte de Ruth Bader Ginsburg.

Como resultado, até 750 mil pessoas podem ser impedidas de votar por não terem como pagar as dívidas que chegam às dezenas de milhares de dólares.

O estado norte-americano da Florida é historicamente importante nas eleições dos Estados Unidos, com analistas a defenderem que esta medida pode afectar a votação agendada para 3 de Novembro e que vai ser disputada pelo candidato republicano e actual Presidente, Donald Trump, e o democrata e ex-vice-presidente, Joe Biden.

Michael Bloomberg, ex-autarca de Nova Iorque, que tentou sem sucesso este ano garantir a nomeação do Partido Democrata para a eleição presidencial, foi um dos principais contribuintes para o funcionamento do FRRC e terá ajudado a entrar com mais de 16 milhões de dólares na iniciativa (cerca de 13,7 milhões de euros). O apoio surgiu depois de ter prometido gastar 100 milhões de dólares para derrotar Trump na Florida, um estado que o actual Presidente venceu em 2016, por menos de 113 mil votos.

“O direito de votar é fundamental para a nossa democracia e nenhum americano deve ser privado desse direito”, disse Bloomberg em comunicado. “Ao trabalhar com o FRRC, estamos determinados a pôr fim à desqualificação eleitoral e à discriminação que sempre a causou”, explicou.

Mais de 44 mil pessoas nos Estados Unidos efectuaram doações, incluindo o ex-jogador de basquetebol Michael Jordan, a cantora cubano-americana Camila Cabello, o realizador Stephen Spielberg e a sua mulher, a actriz Kate Capshaw. Os doadores também incluem as empresas Warner Music, Levi Strauss, MTV, Comedy Central e os clubes da NBA Orlando Magic e Miami Heat.

“A democracia que queremos não é uma democracia onde um americano é forçado a escolher entre colocar comida na mesa e votar”, disse o director executivo da FRRC, Desmond Mead. “Com esta operação, estamos a criar uma democracia mais inclusiva de que todos podemos orgulhar-nos”, defendeu.

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