Quatro monólogos de quando o mundo estava trancado em casa

Quando o país parou no estado de emergência, Madalena Alfaia desafiou quatro autores para escreverem monólogos localizados em diferentes divisões da casa. Jacinto Lucas Pires, Matilde Campilho e Valério Romão juntaram-se à própria Madalena. O projecto, filmado por João Gambino, está online e no Museu da Cidade.

Foto
Bruno Simão

Começa com um homem solitário, vestido de pijama, com uma chávena de café à frente e um telemóvel pronto a usar. Não custa perceber que é uma manhã sem pressa, que não está a pedir ao corpo que se anime para se sintonizar com os milhões de pessoas que, à mesma hora, estarão na azáfama de se entregar às suas rotinas. Do telemóvel, em alta voz, ouvimos a gravação que insta o homem a deixar uma mensagem após o sinal. Quando começa a falar, é impossível não conhecermos aquilo que lhe vai na alma: “Apareceu uma coisa no mundo inteiro. O tamanho da coisa era maior do que qualquer coisa que qualquer um de nós tinha conhecido antes. Era maior que uma clareira na floresta. Maior que a cabeça de um touro na praça. Maior que uma canção de Meat Loaf, que uma fartura na feira, que o mês de Janeiro. Maior que os livros de Homero. (...) A coisa tinha um nome, mas não se via. O nome, esse, parecia bastante errado. Era um vocábulo irreconhecível.”

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção