Câmara de Sintra e MDM criticam encerramento de serviço de urgência nocturno de obstetrícia do Amadora-Sintra

Desde segunda-feira que o serviço de urgência nocturno de obstetrícia do Hospital Amadora-Sintra está encerrado. Várias entidades mostraram-se preocupadas com sobrecarga nos serviços de obstetrícia e ginecologia noutros hospitais da Área Metropolitana de Lisboa.

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Rui Gaudencio

O Hospital Amadora-Sintra encerrou a partir de segunda-feira o Serviço de Urgência de Obstetrícia-Ginecologia durante o período nocturno “dada a escassez de recursos humanos que possam assegurar um eficaz atendimento às grávidas”. Tanto a Câmara Municipal de Sintra como o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) condenaram a decisão do hospital de fechar o serviço das 20h às 8h: a autarquia diz que a decisão é “incompreensível”; o MDM manifestou “preocupação”. 

“Com a legitimidade que, no mínimo, lhe confere o relacionamento com o governo no sector da saúde, que implica a construção de um hospital, de vários centros de saúde e apoios directos ao Hospital Amadora-Sintra, tudo num investimento próximo dos 50 milhões de euros, a câmara considera um desrespeito para com as suas populações a decisão agora tomada”, defende a autarquia, num comunicado enviado às redacções e citado pela agência Lusa.

Para a Câmara de Sintra, presidida por Basílio Horta (PS), “é incompreensível e revelador de uma total ausência de planeamento e de coordenação encerrar de um momento para o outro uma urgência que serve centenas ou mesmo milhares de mulheres, especialmente grávidas, que ficam sem resposta às urgências de que necessitem, no seu concelho, cuja câmara investe dezenas de milhões de euros provenientes dos seus impostos para terem um Serviço Nacional de Saúde decente”. 

O município recorda ainda que o concelho tem “cerca de 400 mil habitantes numa área de 320 quilómetros quadrados”, reforçando que é “uma irresponsabilidade não olhar para esta população e para este território com a atenção que a mesma merece”. 

A autarquia de Sintra argumenta que esta razão “revela, por um lado, a ausência de planeamento e de coordenação como o Serviço Nacional de Saúde está a ser gerido a nível regional e, por outro, a mistificação assumida pelos que afirmam haver médicos a mais”. 

Durante o período noturno, as grávidas deverão recorrer aos Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria), do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (Maternidade Dr. Alfredo da Costa), do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (Hospital São Francisco Xavier) e do Hospital de Cascais. 

Após o anúncio do Hospital Amadora-Sintra, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, considerou preocupante o encerramento daquela urgência, invocando que poderá sobrecarregar os serviços de outros hospitais. 

MDM mostra-se preocupado com sobrecarga em outros hospitais 

O MDM, por sua vez, disse em comunicado que o encerramento do serviço nocturno no hospital é “tanto mais preocupante porque não só é já recorrente, mas também porque essa unidade hospitalar serve dois dos maiores concelhos de Portugal, com uma população muito jovem e onde se realizam relevantes serviços de saúde às mulheres e um significativo número de partos diários”. 

O movimento, que se afirma como “uma organização não-governamental que tem tido uma linha de intervenção constante e diversificada na defesa da saúde sexual e reprodutiva das mulheres”, diz que o encerramento do serviço durante a pandemia “vai sobrecarregar ainda mais os serviços de outros hospitais” que vão receber as grávidas do Amadora-Sintra. 

Elogiando a “acentuada melhoria na saúde materna e obstétrica, e saúde infantil”, tanto pelo Sistema Nacional de Saúde como através da Constituição, o MDM não quer que os progressos alcançados na área da saúde “sofram um revés e que as mulheres sejam discriminadas ao não terem acesso em igualdade e equidade, designadamente à protecção durante a gravidez e após o parto.” 

Entretanto, o MDM afirmou que pediu uma reunião com o Hospital Amadora-Sintra para “obtenção de informação objectiva sobre esta problemática”. 

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