Venda de casas caiu 21,6% no segundo trimestre

Dados do INE revelam o impacto que o confinamento teve no mercado imobiliário, com uma quebra de 21,6% do número de transacções e de 15,2% em valor. Preços desaceleraram mas continuam a subir.

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Nuno Ferreira Santos

Entre Abril e Junho de 2020, foram transaccionados 33.398 alojamentos, criando um volume total de negócios de 5,1 mil milhões de euros. Estes números representam, segundo o Instituto Nacional de Estatística, que acaba de divulgar os dados das vendas no mercado habitacional relativas ao segundo trimestre deste ano, uma redução de 21,6% em número e de 15,2% em valor, face ao mesmo período do ano anterior.

No entanto, e apesar de travagem nos negócios, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) continua a crescer, registando um aumento, em termos homólogos, de 7,8%, ainda assim um abrandamento de 2,5 pontos percentuais face à evolução homóloga do trimestre anterior.

Por categoria, as habitações existentes registaram um aumento dos preços de 8,2% (menos 2,4 pontos percentuais que no trimestre anterior). Nas habitações novas, a desaceleração dos preços traduziu-se numa taxa de variação de 6,0% (8,9% no primeiro trimestre de 2020).

Na comparação directa com os três meses anteriores, o IPHab aumentou 0,8% (4,9% no primeiro trimestre de 2020). Neste período, o crescimento dos preços das habitações novas superou o das habitações existentes, 1,2% e 0,7%, respectivamente. De acordo com o INE, esta taxa de variação é a mais baixa desde o quarto trimestre de 2016 e foi influenciada pelo contexto da pandemia de covid-19.

A verdadeira travagem nas negociações verificou-se, compreensivelmente, no mês de Abril, mês que Portugal passou integralmente em estado de Emergência. Durante esse mês, e de acordo com o INE, a queda nas transacções foi de 35,2% no número e de 25,0% no valor. E Maio e Junho mantiveram-se as variações negativas, mas menos acentuadas. Em Maio caíram 22% em número e 7,6% em valor e em Junho, 14,2% em número e 7% em valor.

A redução das vendas verificou-se tanto nas habitações já existentes (que representaram 84,4% das transacções) como nas habitações novas. E foi nas vendas de casas usadas que o índice mais caiu: o numero de vendas diminuiu 22,8%, enquanto as habitações novas caíram 14,4%.

As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto continuam a ser os mercados mais dinâmicos (foram transacionadas 11.713 habitações na Área Metropolitana de Lisboa e 9592 no Norte) e têm vindo mesmo a acentuar o seu peso relativo no conjunto no total das transacções, que já está nos 63,8%.

No período em análise, a Área Metropolitana de Lisboa concentrou 46,7% do montante total das transacções de alojamentos, ou seja, 2,4 mil milhões de euros, traduzindo-se num aumento homólogo de 0,4 pontos percentuais (p.p.) em termos de peso relativo regional. De entre as demais regiões, o Norte (24,6%), o Centro (13,0%) e o Alentejo (4,1%), conseguiram registar aumentos nas respectivas quotas regionais, de 1,4 p.p., 0,5 p.p. e 0,6 p.p., respectivamente.

Em sentido inverso, o Algarve perdeu peso relativo (menos 2,9 p.p.) e assegurou uma quota de 8,9%. As habitações transaccionadas na Região Autónoma da Madeira representaram 1,5% do valor total, -0,1 p.p. face ao trimestre homólogo. Na Região Autónoma dos Açores transaccionaram-se 560 habitações, o que correspondeu a uma quota regional de 1,2%, idêntica à do período homólogo.

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