Inglaterra adia regresso do público aos estádios

Estava previsto que as portas dos recintos desportivos se abrissem em Outubro, mas o Governo liderado por Boris Johnson vai manter as restrições durante mais seis meses. França, Alemanha e Itália já têm espectadores nos estádios.

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Os jogos da Premier League inglesa vaão continuar mais seis meses sem público LUSA/Will Oliver

Em cerca de dois meses passou de “queremos devolver os espectadores aos estádios” para “a expansão do vírus está a dificultar a nossa capacidade de reabrir grandes eventos desportivos”. Numa altura em que o Reino Unido está a ter diariamente mais de quatro mil novos casos de covid-19, Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, anunciou o adiamento do regresso do público aos estádios que estava programado para o início de Outubro, admitindo que as portas dos recintos desportivos podem continuar fechadas durante, pelo menos, mais seis meses.

“Temos de reconhecer que a expansão do vírus está a afectar a nossa capacidade de reabrir grandes eventos desportivos. Não vamos conseguir fazê-lo a 1 de Outubro e eu reconheço o que isto implica para os nossos clubes desportivos, que são a vida e a alma das nossas comunidades”, disse Boris Johnson numa comunicação à Câmara dos Comuns, em Londres.

Antes deste apertar das restrições, estava em curso um programa-piloto de regresso de espectadores aos recintos desportivos de uma forma controlada, com alguns eventos a receberem público – no final de Agosto passado, cerca de 2500 pessoas assistiram “in loco” a um particular entre Brighton e Chelsea, 300 pessoas estiveram na final do Mundial de snooker que deu o sexto título a Ronnie O’Sullivan, e cerca de mil pessoas estiveram num jogo de futebol feminino entre o Arsenal e o West Ham. Nesta terça-feira, estava previsto que as portas se abrissem num jogo da Premiership de râguebi, mas este acabou por decorrer sem público.

Sem público nos estádios desde Março passado, os clubes da Premier League inglesa perderam cerca de 55 milhões de euros só em receitas de bilheteira no último terço da época passada e, há cerca de duas semanas, Richard Masters, director executivo da Liga inglesa, estimava em 763 milhões de euros as perdas durante uma época 2020-21 sem espectadores. “Temos de ter gente nos estádios o mais depressa possível – é o que falta – por todo o tipo de razões, e tem de ser a nossa prioridade número um”, disse Masters numa entrevista à BBC.

Ao contrário do que acontece em Inglaterra, os estádios já abriram as suas portas em França, Alemanha e Itália. A Bundesliga arrancou no último fim-de-semana com público em sete dos nove jogos da primeira jornada, variando entre as dez mil pessoas que estiveram no Borussia Dortmund-Borussia Mönchengladbach e os 500 espectadores no Wolfsburgo-Bayer Leverkusen. Apenas dois jogos da primeira ronda não tiveram público, o Bayern Munique-Schalke 04 e o Colónia-Hoffenheim.

Também em França os estádios estão abertos de uma forma muito limitada. A Ligue 1, que foi a primeira a iniciar a nova época, tem um limite máximo de cinco mil espectadores por jogo, sendo que nem todos os clubes estão de portas abertas. O Bordéus, por exemplo, anunciou que os seus próximos jogos em casa não terão público porque “a saúde de todos continua a ser uma prioridade”. Também o Nice fechou as portas no embate frente ao PSG, um jogo para o qual até já tinha vendido bilhetes.

Na Liga espanhola não há qualquer plano a curto ou médio prazo para voltar a haver público nos estádios, enquanto alguns recintos da Série A italiana já tiveram a presença de espectadores no último fim-de-semana, nunca acima dos mil, autorizados para tal pelos governos de três regiões, Emilia-Romagna (Bolonha, Parma e Sassuolo), Lombardia (Atalanta, Inter e AC Milan) e Veneto (Hellas Verona). Depois destas autorizações locais, que abriram as portas do Parma-Nápoles, do Sassuolo-Cagliari e do AC Milan-Bolonha, Vincenzo Spadafora, ministro italiano do desporto, alargou essa autorização a todos os clubes da Série A (com o mesmo limite de mil espectadores), admitindo que esse número possa crescer depois de 8 de Outubro.

Em Portugal, as portas dos estádios continuam fechadas desde o último terço da temporada passada e ainda não há uma data estabelecida para que estas voltem a abrir-se. A vontade do Governo é que seja em breve, como disse na passada segunda-feira João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto: “Espero que possa ser nas próximas semanas. Evidentemente que estamos sempre dependentes da evolução epidemiológica, da evolução deste vírus. Mas queremos criar condições, juntamente com os organizadores, não só do futebol, mas de todas as outras modalidades.”

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