Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa lança nova campanha para auxiliar os mais aflitos

Há uma campanha permanente na Net, mas esta, por permitir a emissão de recibos de donativos dedutíveis em sede de IRS, revela-se mais eficaz.

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Reuters/LUCY NICHOLSON

A Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa (MOL) está, desta esta segunda-feira e até ao próximo domingo, a fazer uma campanha de angariação de fundos para a Rede de Apoio LGBTI+por depósito em conta bancária.

Não é a primeira vez que a MOB recorre a esta modalidade, que exige uma autorização do Ministério da Administração Interna. Já o fez entre 24 e 30 de Agosto. E, nessa altura, de forma directa (IBAN PT50 0036 0063 9910 0084 3818 1) e por MB Way (96 789 29 24), angariou 605 euros.

A iniciativa “Continuamos a marchar” surgiu no pico da pandemia. A organização pegou nos cinco mil euros de que dispunha para fazer a marcha e delineou uma estratégia destinada a auxiliar as pessoas mais aflitas. Na prática, uma fatia é usada pela Rede de Apoio, formada por uma bolsa de voluntários, para responder a emergências, o que passa pela compra de alimentares, títulos de transporte, medicamentos, produtos de higiene e para o suportar de rendas de pessoas LGBTI+. Outra tem servido para reforçar outros movimentos (rede de organizações ciganas, rede de organizações migrantes, rede de trabalhadores do sexorede de pessoas trans, não binárias, intersexo).

Está a decorrer, de forma ininterrupta, uma campanha na plataforma de crowdfunding chuffed.org. Fazendo uma pequena contribuição, os doadores poderão obter um agradecimento público, assistir a curtas-metragens queer, participar em convívios queer e em conversas sobre educação sexual ou sobre autocuidado e auto-apaziguamento. Se forem adolescentes, podem ter conversas com pessoas LGBTI+ e tirar as suas dúvidas. É um agradecimento simbólico, que se realiza apenas online. Por esta via, foram angariados 373 euros.

Segundo Hélder Bertolo, presidente da Opus Gay, uma das muitas entidades que fazem parte da organização da MOB, mais de meia centena de pessoas têm sido ajudadas. Como a verba está a terminar, os pedidos continuam a chegar e os serviços competentes não respondem de imediato, decidiram lançar esta nova campanha. Por permitir a emissão de recibos de donativos dedutíveis em sede de IRS, esta modalidade revela-se mais atractiva.

Não traça um perfil único. “São jovens adultos, na sua maioria. Deixaram de ter trabalho ou são estudantes internacionais sem bolsa. Trabalham à noite [nos estabelecimento de diversão nocturna] ou como recepcionistas em hotéis. São trabalhadores sexuais que estão em situação irregular. Há de tudo”, resume. “Não são necessariamente pessoas com profissões mais marginais. Temos uma pessoa que é engenheira informática freelancerO estigma, que já existia, agravou-se. Se era difícil para uma pessoa trans encontrar trabalho, agora ainda mais é. Como a rede de pessoas trans, não binárias, intersexo acabou, temos recebido mais pessoas desse grupo.

Por causa da covid-19, um pouco por todo o país assistiu-se à transformação das marchas e de outros eventos LGBTI+. O Pride Madeira, por exemplo, esteve até domingo com uma campanha que desafiava as pessoas LGBTI+ e suas aliadas a enviar fotos. Essas imagens deverão ser publicadas no Facebook e no Instagram no próximo dia 3 de Outubro, formando uma Marcha do Orgulho LGBTIQ+ online.

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