Nova juíza do Supremo será anunciada “sexta-feira ou sábado”, garante Trump

Presidente norte-americano diz que tem lista com cinco mulheres e que a sua escolha para o Supremo Tribunal de Justiça será anunciada depois das cerimónias fúnebres de Ruth Bader Ginsburg.

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Donald Trump num comício na Carolina do Norte, durante o último fim-de-semana Reuters/TOM BRENNER

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prepara-se para avançar com a terceira nomeação para o Supremo Tribunal de Justiça norte-americano do seu mandato, e a escolha para substituir Ruth Bader Ginsburg vai ser anunciada na próxima sexta-feira ou no sábado.

O anúncio foi feito pelo próprio Presidente norte-americano, numa entrevista esta segunda-feira à Fox News, onde afirmou que apenas pretende esperar pelo fim das cerimónias fúnebres da emblemática juíza para depois avançar com a nomeação, apesar de a porta-voz da Casa Branca, momentos antes, ter admitido que o nome escolhido por Trump poderia ser divulgado na quarta-feira.

“Ganhámos as eleições e temos o direito de o fazer [nomear uma nova juíza para o Supremo]. A votação final deve ser realizada antes das eleições. Temos muito tempo para isso”, afirmou Donald Trump, sublinhando que neste momento a lista de candidatas está restrita a cinco juízas.

A conservadora católica Amy Coney Barrett, vista como candidata perfeita pelos sectores conservadores, é considerada a favorita, seguida pela hispânica Barbara Lagoa, que poderia impulsionar o apoio latino a Trump, sobretudo na Florida, que em Novembro tanto pode pender para democratas como para republicanos.

A um mês e meio das eleições, a morte de Ruth Ginsburg e a consequente vaga aberta na Supremo Tribunal veio agitar ainda mais a campanha presidencial norte-americana, extremando as posições entre republicanos e democratas. O candidato do Partido Democrata, Joe Biden, defendeu que, caso sejo eleito, deve ser ele a nomear uma nova juíza, e apelou directamente aos senadores republicanos moderados para esperarem pelo resultado das eleições de Novembro, acusando Trump e o líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, de “abuso de poder”.

Em Novembro, os norte-americanos não só escolhem o novo Presidente como também elegem um terço dos lugares do Senado. As sondagens, além de continuarem a dar uma ligeira vantagem a Joe Biden em relação a Donald Trump a nível nacional, também dão como possível uma maioria democrata no Senado.

Por esse motivo, o Partido Republicano pretende avançar com a nomeação o mais rapidamente possível, aproveitando a maioria de 53-47 de que dispõe. No entanto, depois da morte de Ruth Ginsburg, as senadoras republicanas Susan Collins e Lisa Murkowski já defenderam que a escolha deve caber ao próximo Presidente, o que deixa aos republicanos uma margem de apenas uma dissidência (em caso de empate, a escolha recai sobre o vice-presidente Mike Pence).

As atenções estão centradas em Mitt Romney, senador do Utah, que tem votado contra Trump, inclusive no impeachment, em Cory Gardner, do Colorado, e em Charles E. Grassley, do Iowa, apontados pela imprensa norte-americana como potenciais dissidentes. 

Último desejo 

Uma terceira nomeação para o Supremo – depois de Neil Gorsuch em 2017 e Brett Kavanaugh em 2018 – é encarada pelos republicanos como uma oportunidade única para conseguirem uma grande maioria no Supremo (6-3), dando um enorme poder a juízes conservadores para decidiram sobre questões como o aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, regulação da posse de armas ou pena de morte durante vários anos, uma vez que o cargo é vitalício. 

A escolha de uma juíza conservadora é também encarada por Trump como uma forma de recuperar algum apoio entre o eleitorado evangélico e católico conservador que em vários momentos já questionou o compromisso do actual Presidente.

Trump não quererá, portanto, deixar escapar a oportunidade, e, na mesma entrevista à Fox News desvalorizou o último desejo de Ruth Ginsburg, que antes de morrer disse à sua neta que não queria ser substituída “até que um novo Presidente tome posse”, segundo a NPR.

“Não sei se ela disse isso, ou se isso foi escrito pelo Adam Schiff, pelo [Chuck] Schumer ou pela [Nancy] Pelosi”, insinuou Trump, referindo-se, respectivamente ao líder da Comissão dos Serviços Secretos do Congresso, ao líder da minoria do Partido Democrata no Senado e à presidente da Câmara dos Representantes. 

“Sabe, isso veio com o vento. Parece tão bonito, mas parece algo vindo do Schumer, ou talvez da Pelosi, ou do Shifty [matreiro] Schiff. Talvez ela [Ruth Ginsburg] o tenha dito, talvez não”, acrescentou.

Em resposta, Adam Schiff negou ter escrito a carta e disse que a acusação “era demasiado baixa” e garantiu que vai lutar para que não haja nenhuma nomeação até à tomada de posse do novo Presidente, em Janeiro do próximo ano.

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