Taxa de juro dos novos empréstimos à habitação supera a barreira de 1%

Novos contratos ainda não reflectem as recentes quedas das taxas Euribor, que voltaram a renovar mínimos esta segunda-feira.

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Compra de casas têm aumentado nos últimos anos daniel rocha

A taxa de juro implícita no conjunto dos empréstimos à habitação subiu ligeiramente em Agosto, incluindo nos contratos celebrados nos últimos três meses, que ficou ligeiramente acima de 1%, apesar de as taxas Euribor estarem a registar sucessivos mínimos históricos. A explicação está no facto de o agravamento das quedas se ter acentuado nos últimos dois meses, demorando algum tempo a reflectir-se no conjunto dos contratos, que só acontece nas datas de revisão acordadas, a cada três, seis ou 12 meses, conforme o prazo da Euribor utilizada.

A taxa de juro do conjunto dos contratos fixou-se em Agosto em 0,967%, acima dos 0,950% no mês anterior, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística, divulgados esta segunda-feira.

Nos contratos celebrados nos últimos três meses, que utilizam sempre a taxa média do mês anterior, o valor subiu de 0,969% em Julho para 1,003% em Agosto, quebrando a barreira de 1%, o que não acontecia desde o passado mês de Abril

Considerando a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação manteve-se em 226 euros, e, neste montante, 44 euros (19%) corresponde ao pagamento de juros e 182 euros (81%) a capital amortizado. Assim, em resultado do valor negativo da Euribor, o valor de juros é muito reduzido e a amortização de capital está a ser mais acelerada, o que é positivo para as famílias.

O capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu 114 euros face ao mês anterior, fixando-se nos 54.317 euros, montante que duplica nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, com o montante médio do capital em dívida a atingir 107.928 euros, ainda assim menos 1314 euros que em Julho.

Euribor ainda mais negativa

As taxas Euribor, a que estão na base de 94,7% dos empréstimos à habitação, voltaram esta segunda-feira a acentuar os valores negativos em que se encontram, renovando mínimos históricos.

O prazo a seis meses, o mais utilizado no conjunto dos contratos existentes, caiu para -0,470%, contra -0,468% da última sexta-feira. No prazo de 12 meses, praticamente a única taxa utilizada actualmente, registou-se um recuo para -0,433%, menos 0,004 pontos, e a taxa a três meses também caiu para -0,508%, menos 0,004 pontos face à última sessão.

As taxas negativas são descontadas ao spread, ou a margem comercial dos bancos, decidida em função do risco do cliente, fazendo com que, como o PÚBLICO noticiou este sábado, um em cada quatro contratos existentes já não pague juros, ou pague valores muito reduzidos. Em boa parte destes contratos, os bancos já estão a pagar alguns euros aos clientes.   

O reflexo dos juros negativos só se verifica nos contratos com taxa variável e em alguns mistos, ou seja, aqueles que utilizam a taxa de juro Euribor.

Nos contratos com taxa fixa, tal como o nome o indica não há qualquer alteração de taxa. Nos mistos (um período de taxa fixa e outra variável), só há actualização da Euribor no período em que esta última taxa está em vigor.

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