ByteDance diz que controla a nova TikTok Global e lança oferta pública de acções

A empresa chinesa ByteDance, proprietária da aplicação TikTok, garante que continuará a ser a detentora maioritária da aplicação usada por milhões em todo o mundo e que o acordo não prevê a transferência de algoritmos para a norte-americana Oracle.

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A aplicação TikTok tem mais de 1,8 milhões de utilizadores em Portugal e 100 milhões nos EUA Reuters/FLORENCE LO

A empresa ByteDance, proprietária da aplicação TikTok, assegurou nesta segunda-feira que continuará a controlar a TikTok Global – a nova empresa com sede nos Estados Unidos criada através de um acordo com as multinacionais norte-americanas Oracle e Walmart para poder continuar a operar no país – e que esta se tornará sua subsidiária, ainda que as duas empresas norte-americanas tenham afirmado que eram elas e os investidores norte-americanos que detinham a maioria da aplicação. A ByteDance anunciou ainda que vai lançar uma oferta pública de acções, com o objectivo de melhorar “a estrutura empresarial e a transparência”.

Segundo a nota divulgada esta segunda-feira, a TikTok Global realizará uma ronda antes da Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês), que deixará a companhia chinesa com uma participação de 80% na nova empresa.

A aplicação TikTok era para ser banida das lojas de aplicações nos Estados Unidos da América a partir de 20 de Setembro, mas a proibição foi adiada para 27 de Setembro, depois de ter sido anunciado no domingo um acordo de princípio com a Oracle (para parceiro tecnológico) e com a Walmart (para a parte comercial).

Em causa estava uma imposição da administração Trump, que temia a “recolha maliciosa de dados pessoais de cidadãos americanos por parte da China”, nas palavras do secretário do comércio dos EUA, Wilbur Ross.

Para contornar as preocupações do presidente norte-americano, Donald Trump, foi preciso criar uma nova empresa: a TikTok Global, com um conselho de administração composto por quatro (de cinco) membros norte-americanos e com a condição de que o departamento de segurança seria chefiado por uma pessoa autorizada pelo governo. O conselho de administração da TikTok Global incluirá o fundador da Bytedance, Zhang Yiming, e o presidente da empresa norte-americana Walmart, Doug McMillon. Além de ficar responsável pela prestação de serviços TikTok aos utilizadores dos Estados Unidos, a TikTok Global também o fará com a “maioria dos utilizadores no resto do mundo”.

O presidente norte-americano, Donald Trump, deu “luz verde” a este acordo. No sábado, disse que se tratava de um acordo de princípio “fantástico”, que “deixaria de estar relacionada com a China”, que “será totalmente segura, faz parte do acordo”: “Dei a minha aprovação ao acordo. Se se concretizar, é óptimo. Se não se concretizar, também estará tudo bem.”

Esta nova empresa deverá contratar, pelo menos, 25 mil pessoas. Os relatos iniciais davam conta de que iria contribuir ainda com cinco mil milhões de dólares (cerca de 4,2 mil milhões de euros) para um fundo dedicado à educação dos norte-americanos. “É a contribuição deles que tenho pedido”, dizia Trump – mas a ByteDance esclareceu que o montante não está relacionado com o acordo alcançado e que se baseia em estimativas dos impostos que a empresa terá de pagar nos próximos anos.

A Oracle (multinacional de tecnologia informática) fica agora responsável por toda a informação dos utilizadores norte-americanos e pela protecção dos sistemas informáticos para garantir o cumprimento das exigências de segurança nacional impostas pela administração Trump. Já a Walmart (multinacional de venda a retalho) fornecerá plataformas de comércio digital e outros serviços comerciais à TikTok. O acordo prevê também que as duas empresas possam comprar até 20% da TikTok. A Oracle terá acesso de segurança ao código fonte da aplicação TikTok por questões de “segurança”, embora o acordo não inclua a transferência de algoritmos ou outras tecnologias, de acordo com a nota divulgada esta segunda-feira.

A TikTok era acusada de ameaçar a segurança nacional dos Estados Unidos, com a administração Trump a alegar que os dados dos utilizadores norte-americanos recolhidos pela TikTok podiam ser partilhados com o Governo chinês; a empresa garantiu que tal nunca aconteceria.

A empresa responsável pela aplicação tinha condenado na sexta-feira a decisão norte-americana de proibir que fosse transferida nas lojas de aplicações a partir de domingo nos Estados Unidos e assegurou ter apresentado todas as garantias de respeito da segurança dos utilizadores. “O Presidente dá até 12 de Novembro para se resolverem os problemas de segurança nacional colocados pela TikTok. As proibições poderão ser levantadas consoante as circunstâncias”, afirmara o departamento do Comércio norte-americano, no mesmo dia.

O TikTok é uma aplicação de vídeos utilizada sobretudo por adolescentes e tem cerca de 100 milhões de utilizadores nos Estados Unidos e quase mil milhões em todo o mundo – incluindo Portugal. A ByteDance estava já há algum tempo em negociações para ceder as suas actividades nos Estados Unidos a um grupo norte-americano. A empresa tecnológica Oracle ganhou a corrida pela aplicação, ficando à frente de outras empresas como a Microsoft ou o Twitter. com Lusa

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