Aumenta a tensão no estreito de Taiwan com voos de aviões militares chineses

A China enviou 18 aviões militares que cruzaram o espaço aéreo de Taiwan, que recebeu a visita de um dirigente governamental dos EUA.

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Caça taiwanês durante exercício militar em Julho Reuters/Ann Wang

Pelo menos 18 aviões militares chineses sobrevoaram o espaço aéreo de Taiwan esta sexta-feira, no âmbito de exercícios militares que coincidem com a visita de um alto responsável norte-americano à ilha.

O Governo chinês confirmou a realização das manobras militares levadas a cabo pelo Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação do Povo, iniciadas esta sexta-feira, mas não referiu mais detalhes, segundo o South China Morning Post.

Pequim justificou os exercícios como “uma acção legítima e necessária em resposta à situação actual no estreito de Taiwan e pela defesa da soberania nacional e da integridade territorial”.

Foram as autoridades taiwaneses que denunciaram a violação do espaço aéreo da ilha por 18 aeronaves militares chinesas. Apesar de ser um acontecimento relativamente comum, este é o maior número de travessias aéreas da Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan pela Força Aérea chinesa relatado por Taiwan.

O Ministério da Defesa de Taiwan enviou caças para interceptar as aeronaves chinesas e acompanhou o seu percurso.

Os exercícios militares são a resposta da China à visita do sub-secretário para Assuntos Económicos dos EUA, Keith Krach, a Taiwan que começou na quinta-feira. Os contactos entre dirigentes norte-americanos e taiwaneses são um assunto muito sensível para Pequim, que reivindica a soberania sobre a ilha.

Desde 1979 que os EUA não têm relações diplomáticas oficiais com Taiwan, uma exigência feita pela China para estabelecer laços com Washington. Apesar dessa ausência de reconhecimento oficial, Washington mantém relações privilegiados com a ilha, sobretudo através da venda de material militar e no fornecimento de garantias de segurança perante um hipotético ataque chinês.

O Governo de Pequim condena qualquer sinal de perturbação deste statu quo e a visita de Krach, um mês depois de o secretário de Saúde dos EUA, Alex Azar, ter feito o mesmo, deixou Pequim em fúria.

“Recentemente, os EUA e o Partido Democrata Progressista [no poder em Taiwan] têm aprofundado o seu relacionamento e causaram incidentes frequentemente”, afirmou esta sexta-feira o porta-voz do Ministério da Defesa, Ren Guoqiang. “Independentemente que o objectivo seja conter a China ou elevar o estatuto do DPP, não passam de ilusões destinadas a não chegar a lado nenhum”, acrescentou.

A aproximação dos EUA a Taiwan são mais um capítulo da tensão crescente entre Washington e Pequim, aprofundada pela guerra comercial, as desconfianças face à ciberespionagem e a propagação da covid-19.

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