Covid-19: Mais de metade dos médicos sem equipamentos de protecção adequados no estado de emergência

Os equipamentos mais frequentemente reportados como estando em falta foram as máscaras FFP2 e os fatos protectores.

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Paulo Pimenta

Mais de metade dos médicos inquiridos num estudo da Ordem dos Médicos revelaram não ter tido os equipamentos de protecção adequados para trabalhar durante o estado de emergência declarado por causa da pandemia de covid-19.

Segundo os dados preliminares do estudo divulgados hoje, quando se assinala o Dia Mundial da Segurança do Doente, este ano dedicado aos profissionais de saúde, a proporção baixou para 31,7% após o final do estado de emergência, mas mesmo assim um em cada três médicos continuaram a reportar falhas da tutela na distribuição de materiais como máscaras, luvas ou fatos protectores (cogulas).

Os equipamentos mais frequentemente reportados como estando em falta foram as máscaras FFP2 (42,4%) e os fatos protectores (33,1%), mas as máscaras cirúrgicas também enfrentaram situações de ruptura, recorda a Ordem dos Médicos (OM).

O estudo foi coordenado pela investigadora Filipa Duarte-Ramos, professora da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, e teve como base um questionário electrónico enviado a todos os médicos e respondido entre 21 de Junho e 01 de Julho. Cerca de 2.500 médicos de todo o país responderam ao questionário.

“A segurança dos profissionais de saúde, pelo impacto que tem na vida dos próprios, das suas famílias e, também, dos doentes, foi desde a primeira hora uma das preocupações da Ordem dos Médicos, que insistiu várias vezes com o Ministério da Saúde para que o stock fosse devidamente reforçado”, recorda a OM, em comunicado.

A organização profissional associa-se, pela segunda vez, à iniciativa de hoje da Organização Mundial de Saúde na comemoração do Dia Mundial da Segurança do Doente, que este ano é dedicado aos profissionais de saúde e tem como mote: “Safe health workers, safe patients”.

“Esta recomendação recebe todo o apoio da Ordem dos Médicos, uma vez que a segurança dos profissionais de saúde tem de ser garantida ou então não será possível assegurar a segurança dos doentes”, sublinha a OM.

A Ordem considera que a segurança na prestação de cuidados de saúde é a condição essencial para uma melhor saúde e diz-se “disponível para continuar este desafio e para nele participar como agente da mudança para uma cultura de segurança na prestação de cuidados de saúde”.

“Aliás, durante a pandemia, a Ordem aderiu e coordenou várias iniciativas que permitiram colmatar algumas falhas na distribuição de material de protecção a várias instituições”, lembra a OM, recordando ainda que “só no âmbito da conta solidária Todos Por Quem Cuida foram ajudadas mais de 1000 instituições, desde centros de saúde, a hospitais, passando por lares, IPSS, bombeiros e forças de segurança”.

Correspondendo ao apelo à participação feito pela OMS e à proposta de iluminação de edifícios para comemorar a data, a Ordem dos Médicos vai hoje ter o seu edifício-sede, em Lisboa, iluminado de cor de laranja.

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