Incêndio de Proença-a-Nova pode ter tido “natureza criminosa”, diz ministro

Presidente da Câmara não tem dúvidas: “Foi mão criminosa, de certeza absoluta”. Judiciária já está a investigar. Combate às chamas vitimou 12 bombeiros, embora nenhum corra perigo de vida.

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O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, esteve no posto de comando de Proença-a-Nova ADRIANO MIRANDA

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse esta quarta-feira aos jornalistas, no posto de comando de Proença-a-Nova, que “não são admissíveis comportamentos negligentes que aumentam o risco e provocam incêndios”. Eduardo Cabrita sugeriu que este fogo, que se estendeu a três concelhos, poderá ter tido uma “uma causa dolosa de natureza criminosa”.

Ao que o PÚBLICO apurou, a Policia Judiciária (PJ), que tem a competência exclusiva da investigação de fogo posto, já está a investigar. Já o presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo, não tem dúvidas: “Foi mão criminosa, de certeza absoluta”. O autarca foi das primeiras pessoas a chegar ao local onde as chamas deflagraram, junto à estrada municipal entre Penafalcão e Cunqueiros. “No sítio onde foi, não haveria ignição sem mão criminosa”, observa.

O alerta para o fogo foi dado domingo passado à hora de almoço, mas só esta quarta-feira foi dominado. Entretanto alastrou aos concelhos vizinhos de Oleiros e Castelo Branco. No combate às chamas ficaram feridos doze bombeiros, dois dos quais com maior gravidade, embora nunca tenham corrido perigo de vida. Um deles continua internado em Coimbra, enquanto o outro já teve alta. 

“Este incêndio teve condições de desenvolvimento extremamente violentas nas primeiras horas”, referiu o ministro da Administração Interna, sublinhando que no seu pico, chegou a mobilizar 1100 operacionais, apoiados por 18 meios aéreos. Num primeiro balanço, explica o presidente da Câmara de Proença-a-Nova, foram contabilizados 16 mil hectares de área ardida nos três concelhos atingidos. “Eduardo Cabrita disse-nos que transmitiria amanhã ao Conselho de Ministros as preocupações dos autarcas”, que querem receber apoios para recuperar todos os equipamentos e infra-estruturas que arderam ou ficaram danificadas - de sinais de trânsito a estradas, passando por linhas de água que sofreram ou vão sofrer erosão - mas também para reabilitar explorações agrícolas e agro-pecuárias. 

“É sempre possível analisar como melhorar as condições de combate, como melhorar a articulação entre as entidades e retirar daí lições”, disse ainda o ministro da Administração Interna, sublinhando que, “os exemplos da Austrália ao drama que se passa neste momento na Costa Ocidental nos Estados Unidos provam-nos que, o cenário que temos caracteriza-se por - fruto das acções de prevenção, que têm sido uma prioridade, e que têm de ser retomadas no próximo ano - termos conseguido reduzir, muito significativamente, o número de ocorrências”.

De acordo com o governante, este será o terceiro ano em que o número de ocorrências é de cerca de 50 por cento inferior à média dos últimos dez anos. Porém, este ano, segundo Eduardo Cabrita, “as condições meteorológicas determinaram ocorrências de dimensão e de risco potencialmente muito significativo”.

“Este foi o décimo primeiro incêndio este ano”, explicou Eduardo Cabrita, e foi o maior de todos. 

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