“É o momento de a Europa liderar”, defende Von der Leyen

Presidente da Comissão Europeia fez um balanço do impacto da covid-19 nos últimos seis meses e apresentou soluções para o futuro. “Chegou altura de pormos mãos à obra”, reiterou.

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Reuters/POOL

No seu primeiro discurso sobre o “estado da União” no Parlamento Europeu, a presidente da Comissão Europeia​, Ursula von der Leyen, afirmou que este “é o momento de a Europa liderar, passando da fragilidade a uma nova vitalidade”, referindo-se à resposta europeia à pandemia de covid-19.

“As pessoas querem sair deste mundo do coronavírus, querem sair da fragilidade, da incerteza, e estão prontas para a mudança”, afirmou a presidente da Comissão Europeia perante os eurodeputados, sublinhando que cabe à UE liderar a resposta à pandemia.

“Queremos criar oportunidade para o mundo de amanhã e não pensar só nas contingências do mundo de ontem. Temos tudo o que é necessário para que isso aconteça: temos uma visão, temos um plano, temos investimento. Chegou altura de pormos mãos à obra”, reiterou.

Num balanço dos desafios dos últimos seis meses, a presidente da Comissão Europeia destacou que “redescobrimos o valor daquilo que temos em comum”. “Transformámos o medo e a divisão em confiança na nossa União. Mostrámos aquilo que é possível fazer quando confiamos uns nos outros e nas instituições europeias.”

Tendo em visto os desafios futuros, Ursula von der Leyen alertou que é necessário “criar uma Europa da saúde mais forte” perante “uma pandemia que não dá sinais de perder intensidade e que pode fugir ao nosso controlo”.

Nesse sentido, defendeu um maior investimento europeu na Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e no Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. Além disso, anunciou a criação de uma agência europeia de investigação e desenvolvimento biomédico, e a realização de uma cimeira global de saúde em Itália em 2021, organizada com a presidência italiana do G20.

Von der Leyen realçou ainda que covid-19 tornou evidenciou que a Europa precisa de “constituir reservas estratégicas para lidar com as dependências da cadeia de abastecimento, nomeadamente para os produtos farmacêuticos”.

No que diz respeito às alterações climáticas, a líder do executivo europeu defendeu que os 27 Estados-membros devem comprometer-se com metas mais ambiciosas no corte das emissões de gases poluentes, e, nesse sentido, comprometeu-se a utilizar mais “green bonds” para financiar as metas climáticas.

De acordo com Von der Leyen, a UE deve reduzir pelo menos 55% das suas emissões de dióxido de carbono. A meta anterior era uma redução de 40%. “Reconheço que este aumento de 40% para 55% é muito para uns e que para outros fica aquém, mas a avaliação de impacto que realizámos demonstra que a economia e a indústria conseguem fazê-lo e querem fazê-lo”, assegurou.

Sobre o “Brexit", a presidente da Comissão Europeia alertou que “a cada dia que passa, as chances de se chegar a um acordo atempado diminuem”, e reforçou que o acordo entre entre Londres e Bruxelas “não pode ser unilateralmente alterado, desconsiderado ou não aplicado”. 

Von der Leyen defendeu ainda que todos os europeus “devem ter acesso a salários mínimos, quer através de acordos coletivos, quer através de rendimentos mínimos estabelecidos” e prometeu um novo pacto migratório europeu para “sarar as feridas” da UE. Sobre Lesbos, comprometeu-se em “acelerar os processos de asilo, melhorando também as condições para os refugiados”. 

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