Como sair de uma crise que é pior que todas as outras

Esta não é, no entanto, mais uma crise. É a maior crise económica e social que a Europa vive desde a II Guerra.

1. Há sempre uma crise. Há sempre uma oportunidade. Há sempre uma Comissão para apontar o caminho. Ontem, foi o dia em que a presidente da Comissão – pela primeira vez uma mulher – apresentou no Parlamento Europeu o seu primeiro discurso sobre o Estado da União, desafiando os europeus a vencerem mais uma. Que não é como as outras. Num ano muito particular. O ano de uma pandemia, que ninguém antecipou e que alterou radicalmente a nossa forma de viver. O primeiro ano sem os eurodeputados britânicos presentes, o que não impediu que Ursula von der Leyen fizesse grande parte do seu discurso em inglês – e citasse Margaret Thatcher, ao cuidado de Boris Johnson: “O Reino Unido não viola acordos”. Foi, a vários títulos, um discurso notável, impecavelmente apresentado. Tudo, na figura, na voz, na atitude de Von der Leyen, é apelativo. No fundo, o que ela tentou fazer foi apresentar a parte do caminho que está à nossa frente para ir construindo a Europa que os europeístas ambicionam. Em vez de uma “viragem”, prometeu uma “viagem”. Nem todos os que a ouviram num hemiciclo diferente, com menos lugares ocupados e de máscara, se identificam com as suas palavras. A sessão plenária dedicada ao discurso do estado da União foi ainda o retrato da Europa em plena pandemia. Com as divisões habituais: os que querem andar mais depressa, os que querem andar mais devagar e os que querem retroceder. Uma cacofonia profundamente democrática.

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