Venderam-se mais vinis do que CD nos EUA. Não acontecia desde 1986

Pela primeira vez em 34 anos, as vendas de vinil superaram as de CD no primeiro semestre de 2020 nos EUA. Os serviços de streaming, porém, continuam a ser os mais procurados.

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Nuno Ferreira Santos

O ano de 2020 regista mais uma surpreendente reviravolta: as vendas de vinil superaram, pela primeira vez desde 1986, as vendas de CD nos Estados Unidos. Quem fornece esta informação é a Recording Industry Association of America (RIAA) no seu relatório semestral, publicado a 10 de Setembro. Aqui são divulgados os níveis de consumo de música na primeira metade do ano nos EUA.

Comparando com o primeiro semestre de 2019, entre Janeiro e Junho de 2020 a compra de vinis aumentou 4%, com os americanos a gastarem 232 milhões de dólares em discos, enquanto a venda de CD sofreu uma redução de 48%, com 130 milhões de dólares gastos.

Contudo, embora o vinil tenha sido mais procurado, não foi o suficiente para evitar a quebra da venda física de música — diminuiu 23% face ao período homólogo do ano passado. A liderar o mercado continuam a estar serviços de streaming como as aplicações Spotify e Apple Music. De acordo com os dados presentes no relatório da RIAA, o streaming é responsável por 85% das receitas da indústria musical. 

De um modo geral, as receitas de música produzida nos Estados Unidos aumentaram 5,6% para 5,7 mil milhões de dólares nos primeiros seis meses de 2020. A juntar-se a estes valores, houve ainda um crescimento de 24% na subscrição paga de serviços streaming, traduzido em 72 mil milhões de dólares. 

A cultura dos discos não é nova e já em 2016, no Reino Unido, o vinil destronava o digital. Nesse ano, os ingleses gastaram 2,8 milhões de euros em discos de vinil e 2,4 milhões em música em formato digital. Quase extintos no início do século XX, os vinis prevalecem e regressam aos mercados musicais. O crescimento é constante e, embora o consumo digital de música seja consideravelmente maior, mostra a resiliência do vinil na vida dos cidadãos. 

Segundo o relatório da RIAA, a covid-19 também influenciou a forma como a população passou a consumir música durante este semestre. Embora a tendência seja, há já uns anos, a do aumento do consumo digital em detrimento do físico, a pandemia acabou por fazer com que se comprassem menos vinis e CD. O ecrã passou a ser a ponte entre as pessoas, o mundo e a música.

Um dos sectores afectados pela pandemia foi o da publicidade. O próprio relatório dá atenção a esta questão e realça a quebra, relacionada directamente com a estagnação do crescimento das receitas oriundas dos anúncios em serviços de streaming

Texto editado por Amanda Ribeiro

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